A análise de diferentes casos de
empreendimentos no Brasil mostra uma nova faceta do mundo dos negócios: problemas de
liderança em projetos de novos processos, de novos produtos e de novas formas de
organização do trabalho estão se traduzindo por fracassos na capitalização de
conhecimento e, em conseqüência, dos próprios resultados. Segundo relato recente de
dois conceituados consultores da área industrial, a atual margem de fracassos em
empreendimentos industriais inovadores no país por problemas de capacitação gerencial
passa da casa dos 30% ! Na Europa e nos EUA este percentual não passa de 8% .
O que está ocorrendo ? Não existe sensibilidade empresarial para visualizar a crescente
dinâmica e complexidade nas quais estamos e estaremos cada vez mais mergulhados ? O que
os "empreendedores" estão aguardando para mudar a maneira de fazer negócios.
Preparar pessoas para liderarem trabalhos é o desafio que está colocado como um dos
principais fatores de sucesso nos negócios.
Ora, tanto a literatura mundial como a boa prática empresarial evidenciam que o design e
a organização de trabalho são e serão cada vez mais pensados e executados na forma de
projetos. O que isto supõe ?
Supõe pessoas líderes, chefes de projetos. Pessoas que asseguram um canal de ligação
entre clientes e especialistas. O chefe de projeto deve refinar as necessidades dos
clientes e ser o porta-voz dos especialistas. É através desta interface que ele pode e
deve agregar muito valor ao negócio. Evidentemente, que não se trata de uma missão
fácil, pois ele deve encontrar o equilíbrio entre o cliente (do qual ele é mandatário)
e a empresa ( da qual ele é representante).
Mas que perfil deve ter este profissional ?
O perfil ideal do chefe de projetos deve contemplar:
Além disso, projetos são coisas impregnadas de dualidades e os chefes de projeto deve saber conviver com esta situação. As dualidades aparecem de diferentes formas:
Quantos chefes de projetos nas empresas
possuem este perfil ?
Com certeza muito poucos. Entretanto, algo de muito positivo está acontecendo no mundo
empresarial americano e europeu: descobriu-se que tudo que a empresa precisa para superar
desafios é de gerentes que tenham o perfil de chefes de projetos. Todas as histórias de
sucessos em negócios estão associadas à dinâmica ação de chefes de projetos, o que
é inteiramente compreensível pois eles são os vetores da agregação de valor direta
nos negócios.
Este fato está sendo reconhecido e jogando para cima os salários dos chefes de projetos.
O salário ofertado atualmente nas grandes empresas americanas e européias para chefe de
projeto de alto nível ultrapassa amplamente a casa dos 100.000 dólares anuais.
É, portanto, preciso que as empresas brasileiras desenvolvam e consolidem a visão do
chefe de projeto como um profissional de regulação e moderação de atividades que
envolvem especialistas e clientes. Sua posição na empresa deve ser vista como o elemento
que identifica interfaces humanas, técnicas e físicas e caracteriza o conteúdo das
tarefas em um plano diretor.
No plano prático, a solução do problema passa pela definição e execução de um
programa de organização e treinamento dos chefes de projetos e dos respectivos
"times" dos quais eles são os protagonistas. E isto, diferentemente do que se
tem imaginado não é nem simples e nem rápido. Em função desta realidade, as reais
chances de se obter sucesso nesse necessário empreendimento tem desestimulado e frustado
muita gente e, em conseqüência, destruido ótimas oportunidades de ganhos empresariais.
Times organizados e bem treinados são os vetores de muitos ganhos: redução no tempo e
nos custos de correções e implantação de projetos; consolidação de um sólido
know-how coletivo; redução no tempo de preparação de respostas orçamentárias aos
clientes; criação de clima para, em momentos de grandes incertezas, poder combinar sem
receio análise técnica e intuições etc. Enfim, chefes de projetos preparados liderando
times organizados favorecem a resolução de problemas através da simplicidade e
funcionalidade.
Darli Rodrigues Vieira,
Professor da UFPR e Consultor
darli.vieira@mais.sul.com.br
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