No mundo atual de downsizing da distribuição,
os sistemas intensivos estão aos poucos sendo reduzidos ao mínimo. Tome por exemplo o
preço. As lojas de conveniência, os supermercados e as lojas especializadas estão
aderindo ao sistema de preços diferentes para o mesmo produto. Isso acontece porque os
consumidores passaram a comprar o que precisam, quando precisam e apenas na quantidade
necessária.
Em outras palavras, os canais de distribuição em multiníveis com dois ou três
atacadistas começam a desaparecer. A razão disso é que os hábitos de compra e a
conscientização do consumidor estão mudando. Os atacadistas, nos quais o fabricante
investiu, estão vendendo seus próprios produtos. Isso significa que não se tem a
variedade limitada e a distribuição em geral exigidas pelo varejo. Mais um desafio a ser
enfrentado neste grande período de transição. Precisamos considerar, ainda, que vivemos
a era da Internet, com seus shoppings virtuais levando ao aumento dos canais de vendas, os
quais têm apelo direto aos consumidores: vendas em casa, vendas pelo correio e vendas em
reuniões.
Quando consideramos o futuro da distribuição, se as tendências comerciais se
confirmarem, os supermercados, as lojas de conveniência, etc., ou seja, os varejistas
organizados crescerão formando cadeias de lojas e tornando-se mega-organizações
poderosas, utilizando-se do poder das pessoas. Hoje, contudo, mais do que a competição
pelo poder entre as indústrias para o aumento da eficiência da distribuição, a
situação passou a ser a de cooperação de proteção aos interesses do cliente enquanto
buscam lucro. A isso chamamos "Resposta Eficiente ao Consumidor", ou ECR. De
modo concreto, trata-se de distribuição em bloco, ou distribuição consolidada.
Trabalhar junto para alcançar maior eficiência é a chave para a distribuição
cooperada. O que é importante em tudo isso é a sistematização das informações,
através da Tecnologia da Informação. Com esse conceito básico de estrutura de
distribuição, se os fabricantes, atacadistas e varejistas cooperarem para preservar os
interesses do consumidor, teremos uma distribuição melhor, mais otimizada.
As operações necessárias para a distribuição de mercadorias incluem transporte,
estocagem, carregamento e descarregamento, embalagem, processo de distribuição e
gerenciamento de informações da distribuição de produtos.
Metade dos custos envolvidos na distribuição de mercadorias destina-se ao transporte.
Atualmente, com a tendência de entregas de pequeno porte e de alta frequência, maior
velocidade de transporte e exigências de entrega porta-a-porta, o custo do transporte é
extremamente elevado.
Entretanto, devido à concorrência cada vez mais acirrada. é necessário melhorar a
eficiência do transporte. Isso significa por um lado, melhorar o nível de serviços de
transporte e, por outro, reduzir custos e tentar eliminar a poluição do ar e os
congestionamentos.
A armazenagem tem a função de simplificar e facilitar as operações durante o período
de tempo entre o pedido e a entrega. Dependendo da localização da unidade de armazenagem
e levando em conta a extensão geral da rede de distribuição, é vital perceber o
atendimento ao cliente como um objetivo comercial.
Os centros de distribuição modernizaram-se e tornaram-se mais disciplinados em relação
à acuracidade. "Classificar" e "selecionar" aumentaram de
importância para as operações de carregar e descarregar. Outros pontos incluem tentar
ao máximo reduzir erros e aumentar a velocidade das operações. Esforços têm sido
feitos para automatizar e simplificar o processo de carregamento como, por exemplo,
conseguir uma carga unitizada que proporcione uma distribuição de mercadorias uniforme
pela combinação dos processos de paletização e contêinerização em um único passo.
Para que o transporte e a armazenagem sejam eficientes e de alta qualidade, é necessário
ter um projeto de embalagem que esteja em conformidade com os padrões internacionais.
Isso significa um acondicionamento preciso e sem desperdícios no palete e no contêiner,
estocagem eficiente e utilização de materiais de embalagem padronizados que satisfaçam
às exigências ambientais e facilitem o transporte.
Um dos motivos pelo qual a distribuição de mercadorias tornou-se tão complexa e cara é
o fato de que se apresentam em todos os tipos de tamanhos, já que não foram
padronizadas. Portanto, surgiu a idéia da distribuição de mercadorias pelo sistema de
carga unitizada, com a utilização de paletes e contêineres do mesmo tipo. Isso
significa a utilização de um palete para carregar mercadorias e contêineres semelhantes
aos usados para transporte ferroviário e marítimo. Embora seja uma importante ferramenta
para o sistema de carga unitária, muitas operações precisam ser realizadas pelo
fabricante para levar suas mercadorias aos consumidores. Além disso, a remessa e o
carregamento posteriores são muito onerosos. Existe o risco potencial de avariar as
mercadorias, e os prazos de armazenagem e entrega podem aumentar. Não é uma situação
ideal. Atualmente, os paletes medem, no Japão, 1100x1100 mm, de acordo com o padrão JIS.
Na Europa, medem 1200x800 mm, padrão denominado "Europallet". No Brasil, há o
PBR, com dimensões de 1200x1000 mm. Os Estados Unidos têm seu próprio padrão.
Portanto, mesmo em relação aos paletes, existem pelo menos quatro diferentes padrões.
Em relação à distribuição, se houvesse uniformidade na paletização, iríamos
testemunhar uma economia e uma eficiência jamais vistas em termos de transporte,
carregamento, custo e tempo. Temos que criar uma rede de logística global que possa
cuidar desses problemas.
O processo de distribuição compreende o processo em si, a montagem no estágio de
distribuição, o reacondicionamento das mercadorias e todo e qualquer ajuste que seja
necessário para atender às especificações dos pedidos. O objetivo de tal processamento
é agilizar a distribuição de mercadorias, ou seja promover a eficiência da produção
e criar lotes de carga para transporte, ou ainda fornecer informações selecionadas
complementares para facilitar o atendimento das necessidades do cliente por meio de
promoções de vendas, planejamento e promovendo a produção em massa. A agilização
abrange subdivisão, colocação de preços, rotulagem, separação, classificação,
identificação, montagem, organização, setorização, absorção de prejuízos,
processo administrativo, aquecimento, refrigeração... a lista é interminável.
Logística e tecnologia da informação
Objetivos da gestão logística: |
- promover
atendimento ideal ao cliente por meio da sistematização; - minimizar os custos da distribuição por meio de operações de baixo custo. |
Para complementar a gestão da logística, é necessário também a aplicação da tecnologia da informação.
Passos na utilização da tecnologia da informação |
1. sistematizar
o recebimento e o envio do pedido 2. administrar a armazenagem 3. otimizar as operações de armazenagem 4. sistematizar o transporte |
Um importante ponto para a introdução
da gestão da logística é a gestão da cadeia de abastecimento, que compartilha a
informação, a fim de obter um sistema eficiente para reduzir os custos desde suprimentos
até as vendas.
Vamos examinar a gestão da cadeia de abastecimento. O sistema de distribuição move-se
por uma conexão que fornece produtos e informações do fabricante para o atacadista e o
varejista. Assim, como sistema articulado de distribuição e fornecimento, é denominado
simplesmente de cadeia de abastecimento.
Mas, como essa cadeia movimenta mercadorias através de muitos setores industriais
diferentes, desde o de matérias-primas até peças para o atacadista e para o varejista e
para a entrega ao consumidor, a informação muitas vezes fica represada no caminho. Em
resumo, a cadeia de abastecimento pode ser muito ineficiente.
Por exemplo, mesmo quando os consumidores adquiram mercadorias do varejista, esse não faz
os pedidos exatamente de acordo com o número e volume de vendas. A loja faz seus pedidos
baseada no que possui em estoque. Isso significa que foi criada uma diferença de tempo
entre a compra feita pelo consumidor e o pedido do varejista para reabastecer seu estoque.
Tais diferenças de tempo podem tornar-se bastante grandes no caso de armazéns de grande
porte, a ponto do estoque de determinado produto acabar.
O atacadista também segue o mesmo método ao fazer pedido baseado no estoque. Tal
prática acaba apresentando ao fabricante uma visão distorcida das reais necessidades do
consumidor e dos padrões de compra.
Se examinarmos o sistema da cadeia de abastecimento voltada ao consumidor, veremos que o
preço de varejo é determinado de acordo com os custos e lucros do fabricante, do
atacadista e do varejista.
Se as mercadorias devem ser fornecidas a um custo mais baixo, então o processo de
distribuição em sua totalidade, dos fabricantes aos atacadistas e aos varejistas, tem
que buscar uma maior eficiência global.
Em outras palavras, para atingir um sistema de distribuição mais barato e potencialmente
mais estável, a cadeia de abastecimento inteira necessita ser mais eficiente.
Especialmente na área de bens de consumo, o acesso que os fabricantes e atacadistas
possam ter às informações dos varejistas e dos armazéns, cria o potencial para uma
redução do custo. Além disso, ao permitir que os atacadistas e fabricantes administrem
seus estoques, os varejistas e os centros de distribuição estão construindo uma
parceria baseada na premissa de ter as informações compartilhadas.
Estruturação de um sistema de informação
Se uma analogia puder ajudar a entender melhor a logística, podemos pensar nela como
sendo um único tubo conectado do fornecedor à produção e ao cliente e a água que flui
suavemente pelo duto como sendo a estocagem. Isso é a logística. A suavidade da conexão
do duto é como a tecnologia da informação, um lubrificante no cano comum que facilita
as funções. Por exemplo, o Intercâmbio Eletrônico de Dados conecta várias empresas
on-line, provendo uniformidade de padrões de comunicação entre os fabricantes,
atacadistas e varejistas.
Enquanto o Intercâmbio Eletrônico de Dados prevalecer no atual sistema de distribuição
de mercadorias, não haverá necessidade de digitar os dados dos pedidos um a um, à
medida que esses forem aparecendo. Com maior velocidade, maior eficiência e menos
mão-de-obra, podemos esperar reduções dos períodos de tempo de estocagem.
Para os varejistas, supermercados e lojas de conveniências, essa é uma era na qual as
próprias lojas são os armazéns e não existe mais o "estoque de apoio". A
logística é uma "ferramenta" importante na redução dos estoques. Então,
qual será a melhor maneira de promover este conceito? Se examinarmos a indústria de
alimentos, veremos que, dentro do fluxo, cada passo tem um processo de armazenagem e o
período total é de 104 dias. Contudo, com a coleta de dados do ponto de vendas e a
introdução de uma cadeia de abastecimento centrada no Intercâmbio Eletrônico de Dados
para prover informações compartilhadas sobre o consumidor em tempo real, o tempo de
armazenagem pode ser reduzido para 64 dias. Ou seja, uma economia de 40 por cento. Um
sistema de alta eficiência e acuracidade chamado ECR, ou Resposta Rápida ao Cliente, que
é amplamente utilizado na indústria alimentícia. Além disso, as indústrias de
vestuário e de moda utilizam o sistema de Resposta Rápida. Em outros setores, o sistema
Toyota de Produção é bem conhecido. Quando os fabricantes não têm local de
armazenagem, as peças necessárias são produzidas na quantidade necessária e no prazo.
Esse tipo de sistema logístico de alta precisão tornar-se-á predominante em diferentes
setores, como as indústrias automobilísticas e eletro-eletrônicas.
out/2000
Reinaldo A. Moura,
Diretor da IMAM Consultoria Ltda., de São Paulo.
Tel. (0--11) 5575 1400 imam@imam.com.br
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