Logística Reversa: Reciclagem de embalagens de transporte
Nos últimos anos, a evolução da logística de distribuição tem
sido vertiginosa devido a numerosos fatores que têm acelerado o desenvolvimento e
profissionalização do setor, afetando de uma maneira especial a classificação das
embalagens de transporte. Entre os fatores citados cabe assinalar a crescente
internacionalização da produção, o encurtamento dos ciclos de produção, a
liberalização do transporte e a legislação ambiental.
Na primeira classificação, a concentração da produção tem levado a estender as redes
de distribuição com a finalidade de atender a mercados afastados. Com este aumento da
distância média de transporte, o retorno dos caminhões vazios (unicamente com as
embalagens de transporte) implica em um incremento dos gastos que repercute no custo final
do produto.
Por outro lado, a introdução generalizada de conceitos como o Just-in-Time, que
perseguem a redução dos níveis de estoque, ocasiona um incremento no giro de materiais
e, portanto, na rotação dos paletes. Obviamente, esta circunstância repercute em uma
maior utilização dos paletes, pelo que, se não se fizer uma boa manutenção, logo se
deterioram e tendem a sair do ciclo produtivo.
Enquanto se discutiu, particulamente no âmbito europeu, a respeito do tema da
eliminação de fronteiras e da cabotagem, o que foi efetivado em 1998, sua mais imediata
repercussão está em um incremento do tráfego de materiais, em primeiro lugar pelo
desaparecimento de impostos fixos sobre o transporte e, em segundo lugar, porque a partir
de 1998 qualquer transportador pode operar em qualquer ponto da União Européia.
Paralelamente, este incremento no tráfego de mercadorias está criando grandes problemas
na qualidade dos paletes, haja vista que sua recuperação no destino, quando é
factível, não inclui controle de qualidade de nenhum tipo. Para isso contribui a não
corresponsabilidade na manutenção dos paletes que circulam no mercado sem controle, por
não pertencerem a nenhuma organização ou empresa concreta, o que impossibilita
estabelecer critérios de responsabilidade e de assumir custos por parte dos usuários
integrados na cadeia de abastecimento.
Por último, cabe ressaltar a importância que a legislação ambiental, através da
preocupação e das normas para a sua proteção, exerce sobre as embalagens de todo o
tipo, e entre estas e as embalagens de transporte, o que tem levado a um replanejamento da
logística de distribuição. O que aqui é apresentado como logística reversa, cujo
objetivo é a gestão integral do fluxo de retorno das embalagens.
O Final é o Princípio
Até agora, a logística tem sido vista como um sistema unidirecional, contemplando o
processo desde a origem até o destino. Mas, o que ocorre no destino? O fluxo de materiais
chega a seu fim e os materiais empregados para a sua manipulação e transporte vão
engrossar em 50 milhões de toneladas o peso total de resíduos sólidos gerados por ano,
como é o caso da União Européia. Aproximadamente, a metade corresponde ao setor
industrial e de serviços.
Por outro lado, tal quantidade de resíduos de embalagens justifica que a Comunidade
Européia tenha adotado a Diretiva 94/62, que trata de harmonizar as normas dos diferentes
países membros com a finalidade, primeiro, de reduzir o impacto negativo das embalagens
e, em segundo lugar, de assegurar o livre comércio na União Européia. Assim mesmo se
estabelece uma hierarquia de medidas para a redução de resíduos em prazos
estabelecidos, como:
E é aqui onde a logística reversa continua o movimento da embalagem,
uma vez já cumprido seu objetivo de entregar a mercadoria no destino. A logística
reversa compreende todas as atividades enfocadas na redução, reutilização e
reciclagem, ou seja, a gestão e distribuição dos resíduos das embalagens.
Solução Pool: Efetividade em Mercados Complexos
As denominadas embalagens secundárias (caixas de garrafas, bandejas, etc.) e terciárias
ou de transporte (paletes e contenedores) são as mais suscetíveis de serem reutilizadas.
Realmente, o fato de um determinado tipo de embalagem ter recebido um tratamento especial
em sua fabricação, quer dizer, ser reciclável, permitir uma alta rotatividade e cumprir
com as normas de qualidade e higiene, não garante necessariamente sua reutilização.
Além disso, a complexidade da cadeia de abastecimento é cada vez maior e, na maioria dos
casos, as empresas de transporte não podem permitir-se aceitar embalagens vazias.
É neste ponto onde se vê claramente a necessidade de implementar sistemas para gestão
das embalagens no destino, para garantir sua recuperação e conversão ou a
reutilização das mesmas.
Na atualidade, têm sido empregados diversos sistemas de gestão na cadeia logística. Em
primeiro lugar, temos o sistema de intercâmbio, desenvolvido em alguns países da Europa
a partir do investimento inicial na compra de Europaletes por parte do setor ferroviário
e, posteriormente, estendido ao transporte por carretas.
Outra das opções possíveis é o sistema de depósito, aplicado em embalagens de
produtos de grande consumo com circuitos complexos, que apresentam certo risco e um
frequente comércio paralelo.
Por último, a alternativa mais efetiva para a gestão de embalagens recuperáveis é o
sistema de gestão de contas, desenvolvido na maioria dos casos por um agente
proprietário das embalagens (pool) que se ocupa de sua gestão integral. Este sistema é
utilizado em diversos circuitos de distribuição. Sua implementação requer fortes
investimentos em manutenção dos materiais, assim como para obter economias de escala. A
complexidade deste sistema é a principal causa de somente poder ser desenvolvido por
companhias especializadas.
Em definitivo, é difícil oferecer uma simples resposta à questão de que tipo de
hardware (embalagem) é o melhor e que software (sistema de gestão) é o mais adequado.
Cada sistema e cada equipamento possui suas vantagens, razão pela qual analisar a cadeia
logística e suas peculiaridades é o primeiro passo para a escolha correta.
Chris Slijkhuis,
Diretor da Chep Áustria.
artigo feito a partir de sua apresentação no CEL - Centro Espanhol de Logística.
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