Uma borboleta voando
pode mudar sua vida?
Todos os grandes matemáticos,
usando a Teoria do Caos, dizem que uma borboleta batendo as asas do outro lado do mundo
pode provocar um tufão na Indonésia. É que todas as coisas no universo estão de certa
forma ligadas, e o bater de asas de uma borboleta pode provocar uma reação em cadeia que
termina gerando um tufão.
Se isso pode acontecer, então porque é que não pode fechar sua empresa? Ou mudar sua
vida? Já parou para pensar nisso? São tantas variáveis acontecendo na vida que a
maioria das pessoas simplesmente desiste de tentar escolher seu destino.
Chuck Yeager foi o primeiro humano a quebrar a barreira do som, voando no seu Bell
Aviation X-1. Na época muitas pessoas diziam que a barreira era
impenetrável, e que ele e seu avião desintegrariam assim que atingisse a velocidade Mach
1 (a velocidade do som).
É claro que a barreira não era impenetrável coisa nenhuma. Era apenas um mito. Anos
mais tarde, na sua biografia, Yeager escreveu que "a verdadeira barreira não estava
no céu, mas na nossa cabeça no conhecimento e experiência dos vôos
supersônicos".
Da mesma forma, vemos todos os dias pessoas voando baixo, vagarosamente, porque acham que
existe alguma barreira para uma performance melhor. Uma barreira que os impede
de crescer. E geralmente colocam a culpa em fatores externos.
Mas a sua vida não precisa ser assim. Você não precisa viver de susto em susto, de
crise em crise, sempre apagando incêndios, sempre perguntado o que virá pela frente,
sempre voando baixo. Como assumir o controle?
Já faz algum tempo que sabemos que o futuro será diferente do passado. Mas insistimos em
nos recusar a acreditar que nossa vida será diferente do que esperamos que ela seja. A
maioria de nós ainda acredita que o futuro será uma continuação do presente, como uma
estrada reta que se perde no horizonte.
De acordo com Alvin Toffler, é uma percepção linear, previsível, de que A leva a B que
leva a C. Só que a prática mostra que o futuro não é uma continuidade do presente, mas
sim uma série de descontinuidades.
E o pior é que nossa educação, ao invés de ajudar a quebrar essas
barreiras, na verdade acaba reforçando-as. As escolas foram desenhadas com a
certeza de que todos os problemas do mundo já foram resolvidos, e que o professor conhece
todas as respostas.
Então a função do professor passa a ser apresentar os problemas aos alunos, e depois as
respostas. Nos ensinam as perguntas e as respostas, mas não a pensar. Por isso a
dificuldade quando as perguntas mudam.
Para agarrar o futuro você precisa largar o passado. A única forma de impedir que sua
vida seja uma sucessão de descontinuidades é tendo uma estratégia de vida. Se não
você é jogado de um lado para outro, de acordo com o vento ou a maré. Ou uma borboleta
batendo as asas. E não consegue nunca ir de A para B ou C.
Como diria Toffler, não precisamos que nos ensinem apenas como fazer alguma coisa, mas
sim a imaginar o que é possível.
É como quando o primeiro avião conseguiu voar. A partir desse momento, mudou
completamente o contexto do desenvolvimento da aviação. Cada avião que caía provava
aos cínicos, de forma evidente, que era impossível fazer um avião voar.
Mas quando ele finalmente voou, tudo mudou. As mesmas informações começaram a ser
interpretadas de um modo diferente. As quedas passaram a ser vistas como evidências dos
erros, de como as coisas não deveriam ser feitas. As pessoas simplesmente começaram a
pensar de forma diferente.
A mesma coisa aconteceu com Chuck Yeager e a velocidade do som. As barreiras estavam
apenas na cabeça no conhecimento e na experiência. Bastou alguém dedicar-se a
derrubar essas barreiras através de uma boa estratégia para provar que estavam erradas.
Se você quer quebrar suas próprias barreiras e voar alto, precisa de uma estratégia.
Estratégia de vida começa com uma proposição diferente de valor, de missão pessoal.
É uma forma de definir um território onde você é de alguma forma único.
Estratégia é fazer escolhas. Principalmente, escolher o que fazer diferente, e também o
que não fazer. Por isso mesmo você é obrigado a escolher, já que não dá para ser ou
fazer tudo.
Esse é outro ponto que deve ficar muito claro: para ter uma boa estratégia você tem que
aprender a dizer não. Todos os dias aparecem nas nossas vidas novas propostas de
negócios, muitas altamente tentadoras.
Uma pessoa sem estratégia vai acabar distraindo-se ao perseguir negócios que parecem
lucrativos, mas que na verdade não tem nada a ver com a estratégia a longo prazo, nem
com sua missão de vida. Acabam sugando recursos, tempo e energia, desviando-se da sua
missão, confundindo ainda mais sua vida.
As melhores estratégias sempre levam a um objetivo maior. Se não tiver um objetivo bem
claro em mente, começará a tomar decisões que inevitavelmente diminuirão sua
eficiência.
A essência da estratégia é estabelecer limites. A pessoa sem estratégia está disposta
a tentar qualquer coisa. Principalmente, copiar os outros.
Você tem que fazer menos coisas, mas fazê-las muito melhor. Você tem que encontrar e
desenvolver vantagens, e não apenas eliminar desvantagens. Criar diferenças, e não
apenas copiar: esse é o segredo.
Para terminar, a grande dúvida: vale a pena ter uma estratégia num mundo que muda
constantemente? Ela não será uma camisa de força, uma corrente que produz rigidez e
inflexibilidade?
Algumas pessoas podem pensar: "As coisas estão mudando rapidamente, então preciso
mudar rapidamente também. Logo não posso ter uma estratégia, porque ela me tornaria
mais lento".
Acontece que grandes conquistas só são alcançadas por pessoas com objetivos claros e
estratégias definidas. Pessoas que não apenas imaginaram voar alto ou quebrar barreiras,
mas também bolaram planos para chegar lá.
Por isso Michael Porter defende justamente a idéia contrária: uma boa estratégia na
verdade acelera o processo, porque permite que você tome decisões de acordo com seus
objetivos.
Peguemos um exemplo como a tecnologia: não adianta comprar todas as bugigangas e
novidades tecnológicas que aparecem se isso não tem um objetivo muito claro.
Você não vai aumentar sua produtividade simplesmente porque tem mais aparelhos
disponíveis. Você tem que saber para onde quer ir e, com base nisso, tomar as decisões.
Resumindo: ter uma estratégia é ser diferente. Você não é apenas mais uma pessoa
você está ali para trazer algo novo para o mundo, para mudar o mundo, para mudar
para melhor a vida das outras pessoas.
Uma vez que você tenha sua estratégia claramente definida, todas as perguntas serão
fáceis de responder: ou ajudam você a alcançar seus objetivos, ou não. E finalmente
você terá controle da sua vida.
setembro/2001
Raúl Candeloro,
Autor dos livros Venda Mais e Negócio Fechado,
é palestrante e editor da revista Venda Mais e responsável pelo site VendaMais
www.vendamais.com.br candelo@zaz.com.br
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