A reciclagem das embalagens
O custo do descarte da embalagem é pago pelos clientes. Além do
impacto ambiental, o descarte custa dinheiro e pode reduzir drasticamente a lucratividade
da cadeia de abastecimento. Países como Canadá e Alemanha possuem uma legislação para
reduzir o desperdício de embalagens, existindo inclusive um incentivo para as empresas
reduzirem, reutilizarem e reciclarem estas. A fim de evitar ou reduzir os custos de
descarte, bem como diminuir o risco das penalidades legais, as empresas vêm adotando
estratégias distintas para enfrentar o problema.
Cada estratégia - redução dos materiais de embalagem, reutilização ou reciclagem -
tem um impacto econômico na cadeia, que precisa ser analisado caso a caso, para a
obtenção da melhor relação custo vs. benefício. A redução dos materiais de
embalagem também reduz os custos de aquisição desta. A reutilização do uso da
embalagem geralmente agrega alguns custos para classificação, controle e frete de
retorno. Porém, a estratégia que vem atingindo grandes índices de crescimento é a
reciclagem.
Reciclagem
O crescimento da reciclagem reduz os custos de coleta e processamento, gerando um aumento
no mercado de produtos reciclados. A tendência da reciclagem e da reutilização de
embalagens traz, a médio prazo, grandes benefícios ambientais.
Fabricantes, armazéns e varejistas descartam grande quantidade de materiais, tais como:
paletes de madeira, papelão, filmes de polietileno, espumas plásticas e fitas de arquear
de aço e plástico. Os recicladores apreciam tais fontes concentradas e relativamente
limpas (comparados à classificação e limpeza de resíduos de alimentos). Como
resultado, a embalagem descartada no processo logístico possui um grande potencial de
reciclagem. Da mesma forma, a compra de embalagens feitas de materiais reciclados encoraja
o crescimento deste mercado.
A reciclagem é, às vezes, chamada de "logística inversa ou reversa". Na
verdade, os materiais de embalagem não são recolhidos de volta pela empresa que colocou
o conteúdo nas embalagens, mas o sistema logístico segue em frente, às vezes através
de empresas de administração de resíduos para reprocessadores. Em muitos casos,
associações de fabricantes de materiais de embalagem prepararam sua própria rede para
coleta e reprocessamento. Como exemplo, pode-se citar o sistema "Repack", criado
pela British Fibreboard Packaging Association para coleta e reciclagem de resíduos de
embalagem no transporte, integrando fabricantes, coletores de resíduos e usinas de
reciclagem.
Legislação e aplicabilidade
A legislação alemã, implementada em 1993, exige que as embalagens do processo
logístico sejam devolvidas ao fornecedor de produtos, para reciclagem ou reutilização,
se for solicitado pelo comprador. Algumas empresas de reciclagem podem ser pré-pagas pelo
fornecedor. A princípio, filmes encolhíveis em cargas paletizadas foram proibidos, mas
as considerações de danos no transporte superaram as ecológicas e agora o filme está
sendo reciclado.
Em 1991, 80% das embalagens de transporte alemãs eram recicladas; em 1994, 63% das caixas
de papelão ondulado nos EUA eram recicladas. Existe uma preocupação de que as leis de
reciclagem possam ocasionar um desequilíbrio econômico na cadeia logística, porém,
sabemos que se forem analisados em conjunto, fatores econômicos e ambientais, esta
equação levará ao melhor percentual de reciclagem.
Os profissionais de logística devem ficar atentos ao processo de reciclagem de materiais
de embalagem (recebidos e/ou expedidos) de sua empresa, pois a cada dia este cuidado será
maior e com leis cada vez mais rígidas, influenciando na tomada de decisão.
outubro/2001
José Maurício Banzato,
Diretor da IMAM Consultoria Ltda., de São Paulo.
imam@imam.com.br
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