Supply Chain Management
Supply Chain Management (SCM - Gestão da Cadeia
de Suprimentos) tem representado uma nova e promissora fronteira para empresas
interessadas na obtenção de vantagens competitivas de forma efetiva e pode ser
considerada uma visão expandida, atualizada e, sobretudo, holística da administração
de materiais tradicional, abrangendo a gestão de toda a cadeia produtiva de uma forma
estratégica e integrada. SCM pressupõe, fundamentalmente, que as empresas devem definir
suas estratégias competitivas e funcionais através de seus posicionamentos (tanto como
fornecedores, quanto como clientes) dentro das cadeias produtivas nas quais se inserem.
Assim, é importante ressaltar que o escopo da SCM abrange toda a cadeia produtiva,
incluindo a relação da empresa com seus fornecedores e clientes, e não apenas a
relação com os seus fornecedores. SCM também introduz uma importante mudança no
paradigma competitivo, na medida em que considera que a competição no mercado ocorre, de
fato, no nível das cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de negócios
(isoladas), como estabelece o tradicional trabalho de PORTER (1980). Essa mudança resulta
num modelo competitivo baseado no fundamento de que atualmente a competição se dá,
realmente, entre "virtuais unidades de negócios", ou seja, entre cadeias
produtivas. Atualmente, as mais efetivas práticas na SCM visam obter uma "virtual
unidade de negócio", providenciando assim muito dos benefícios da tradicional
integração vertical, sem as comuns desvantagens em termos de custo e perda de
flexibilidade inerentes à mesma. Uma virtual unidade de negócios é então formada pelo
conjunto de unidades (geralmente representadas por empresas distintas) que compõe uma
determinada cadeia produtiva. Uma unidade de negócios pode então participar de diversas
virtuais unidades de negócios, como é o caso, por exemplo, de várias empresas de
autopeças que atuam em virtuais unidades de negócios lideradas por grandes montadoras.
Em termos práticos, dessa virtual unidade de negócios deve se preocupar com a
competitividade do produto perante o consumidor final e com o desempenho da cadeia
produtiva como um todo. Isso acarreta numa necessidade de gestão integrada da cadeia
produtiva, requerendo um estreitamento nas relações e a criação conjunta de
competências distintas pelas unidades (empresas) da mesma. Por exemplo, o modelo de
consórcio modular, implementado pela VW e sete fornecedores de autopeças na nova
fábrica de caminhões e chassis de ônibus da montadora também pode ser usado para
ilustrar o conceito de virtual unidade de negócios. Na nova planta, a parte final da
cadeia produtiva foi concentrada num único local para, sobretudo, dar mais
competitividade a uma virtual unidade de negócios dentro do negócio (business) de
caminhões e chassis de ônibus (COLLINS et al. 1997; PIRES, 1998 a; PIRES 1998 b).
Objetivos e Práticas da Supply Chain Management
Um objetivo básico na SCM é maximizar e tornar realidade as potenciais sinergias entre
as partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final mais eficientemente,
tanto através da redução dos custos, como através da adição de mais valor aos
produtos finais (VOLLMANN & CORDON, 1996). Redução dos custos tem sido obtida,
através da diminuição do volume de transações de informações e papéis, dos custos
de transporte e estocagem, e da diminuição da variabilidade da demanda de produtos e
serviços, dentre outros. Mais valor tem sido adicionado aos produtos, através da
criação de bens e serviços customizados, do desenvolvimento conjunto de competências
distintas; através da cadeia produtiva e dos esforços para que, tanto fornecedores como
clientes, aumentem mutuamente a lucratividade.
Práticas eficazes na SCM têm sido implementadas em todo mundo, as quais têm visado a
simplificação e obtenção de uma cadeia produtiva mais eficiente. Resultados positivos
têm sido obtidos principalmente através de procedimentos como os listados abaixo.
- Reestruturação e consolidação do número de fornecedores e clientes:
Significa reestruturar (geralmente através de redução) o número de fornecedores e
clientes, construindo e aprofundando as relações de parceria com o conjunto de empresas
com as quais, realmente, se deseja desenvolver um relacionamento colaborativo e com
resultado sinérgico.
- Divisão de informações e integração da infra-estrutura com clientes e fornecedores:
A integração de sistemas de informações/computacionais e a utilização crescente de
sistemas como o EDI (Electronic Data Interchange), entre fornecedores, clientes e
operadores logísticos têm permitido a prática, por exemplo, da reposição automática
do produto na prateleira do cliente (Efficient Consumer Response). Tais práticas têm
proporcionado, sobretudo, trabalhar com entregas just-in-time e diminuir os níveis gerais
de estoques. Também, a utilização de representantes permanentes (In plant
representatives) junto aos clientes tem facilitado, dentre outras coisas, um melhor
balanceamento entre as necessidades do mesmo e a capacidade produtiva do fornecedor, bem
como uma maior agilidade na resolução de problemas.
- Desenvolvimento conjunto de produtos:
O envolvimento dos fornecedores desde os estágios iniciais do desenvolvimento de novos
produtos (Early Supplier Involvement) tem proporcionado, principalmente, uma redução no
tempo e nos custos de desenvolvimento dos mesmos.
- Considerações logísticas na fase de desenvolvimento dos produtos:
Representa a concepção de produtos que facilitem o desempenho da logística da cadeia
produtiva, geralmente também envolvendo a escolha de um operador logístico eficiente
para administrar a mesma;
· Integração das estratégias competitivas na cadeia produtiva:
Implica na compatibilização da estratégia competitiva e das medidas de desempenho da
empresa à realidade e objetivos da cadeia produtiva como um todo.
Silvio Pires,
Professor Dr. Univ. São Carlos.
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