Transporte Rodoviário de Cargas:
A atividade logística com maior índice de terceirização
Neste artigo daremos uma visão da situação
atual do mercado das empresas que ainda mantêm frotas próprias e daquelas que adotaram a
terceirização, seus motivos e os modelos normalmente adotados.
Frota Própria
Apesar do transporte rodoviário de cargas ser uma das atividades da logística com maior
índice de terceirização, algumas empresas ainda mantêm frota própria, por diversos
motivos, entre os quais podemos destacar:
- A empresa pode não estar preparada para compartilhar
informações, expor estratégias a terceiros e apenas gerenciar e avaliar o processo sem
interferir na rotina;
- Não tem segurança se ao terceirizar o transporte será
mantido o mesmo nível de manutenção da frota, e qualidade de atendimento ao cliente,
pondo em risco a imagem da empresa;
- A frota é antiga, porém atende às necessidades da
empresa e já está depreciada, consequentemente seu custo é relativamente baixo (apesar
da manutenção) e o valor de venda dos veículos é muito baixo se considerado o valor
para amortização na compra de veículos novos;
- No caso específico de atacadistas ou empresas que
distribuem produtos sem marca própria, a terceirização poderia caracterizar a
transferência do cadastro e do perfil dos clientes; em outras palavras, terceirizar o
transporte poderia estar pondo em risco o negócio;
- Frota própria parcial para garantir a máxima ocupação
e complemento terceirizado.
Frota Terceirizada
Neste caso existem as maiores variações em relação aos motivos que geram a
terceirização e aos modelos adotados, dos quais sobressaem:
- Dedicação ao negócio (core business), transferência
de investimentos e custos fixos para terceiros, redução de custos, melhorias nos
controles, absorção de experiência, disposição de novos canais de distribuição,
etc.;
- Evitar passivo trabalhista, transferindo o pessoal
(motoristas e ajudantes) para a empresa terceirizada;
- A maior parte das empresas terceirizam apenas com foco na
redução de custos, não se importando em, no mínimo, manter o mesmo padrão da frota e
qualidade de atendimento ao cliente;
- A preocupação com redução de custos leva inúmeras
empresas a trabalhar com uma quantidade muito grande de pequenas empresas simultaneamente;
- Incentivo à formação de pequenas empresas, com os
próprios motoristas e ajudantes que absorvem os veículos da frota. Este modelo deveria
ter o apoio direto da empresa, no mínimo para formação de custos e treinamento.
Contudo, como isso não tem ocorrido, acaba gerando problemas de curto prazo, muitas vezes
com a reversão do processo ou transferência para transportadoras de maior porte;
- Transferência para pequenas empresas que vivem
exclusivamente em função da contratante e subcontratam autônomos (geram problemas
semelhantes ao modelo anterior);
- Transferência para empresas médias, bem estruturadas,
com direção e corpo gerencial comprometidos, que tenham pelo menos 30% a 40% de frota
própria, e 30% de agregados, apesar do custo maior em relação aos modelos anterior tem
apresentado maiores níveis de acerto;
- Transferência para grandes empresas tem sido pouco
utilizado em função do preço, porém, apresenta um potencial muito grande de sucesso,
desde que o processo de escolha e o acompanhamento sejam desenvolvidos criteriosamente.
Conclusão
Certamente a maior parte das terceirizações de transporte rodoviário de cargas tiveram
como foco principal a redução de custos, recorrendo aos modelos mais simples citados
acima. Consequentemente, apresentaram inúmeros problemas, incluindo diversos na parte
operacional, queda do nível de atendimento entre outros.
Uma evolução observada é a redução da quantidade de empresas transportadoras
contratadas para operar simultaneamente no mesmo local.
Recentemente foi percebida uma ligeira alteração, com as grandes empresas
(principalmente as multinacionais e aquelas que operam com produtos de alto valor agregado
e susceptíveis a furto), recorrendo a transportadoras tradicionais, com maiores recursos
e experiência.
Outras grandes e médias empresas têm utilizado transportadoras de porte médio e bem
estruturadas.
Finalmente, podemos concluir que se o processo de terceirização do transporte respeitar
todas as etapas do processo, a escolha provavelmente não indicará para o menor preço,
porém certamente a relação entre custo e benefício apresentará resultados muito mais
satisfatórios a médio e longo prazo.
CRITÉRIOS
GERAIS PARA AVALIAÇÃO |
Normalmente
alguns dos principais motivos considerados durante o processo de decisão se o transporte
será mantido ou terceirizado, são:
- Qualidade do serviço ao cliente;
- Imagem;
- Competitividade;
- Redução dos custos logísticos;
- Dedicação ao negócio;
- Transferência de investimentos;
- Transferência de passivos trabalhistas;
- Substituição de custos fixos por variáveis;
- Novos canais de distribuição;
- Melhoria de controles;
- Absorção, experiência, etc.
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outubro/2001
Antonio Carlos da Silva
Rezende,
Consultor da IMAM Consultoria.
imam@imam.com.br
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