A Estruturação da Logística no e-Commerce
O modelo de se fazer vendas ou
negócios pela Web, substituindo os processos tradicionais, por transações eletrônicas
na Internet, está cada vez mais presente no mercado corporativo como uma grande porta de
comunicação entre as empresas, proporcionando um mercado que visa integrar toda a cadeia
logística, desde a indústria, passando pelos atacadistas e distribuidores, e chegando ao
consumidor final.
O e-commerce, teve sua
origem voltada unicamente para vendas via Web, onde o seu precursor Jeff Bezos da
Amazon.com. Iniciou em um mercado ainda inexplorado, vendendo livros pela rede para
consumidores finais, surgindo desta forma o conceito conhecido como Business-to-Consumer,
ou ainda B2C. Mas, para vender, é preciso ter um link direto com o fornecedor e o
distribuidor, desta forma, a necessidade de integrar estes parceiros de negócios no
mercado virtual foi inevitável. Surge então o conceito de Business-to-Business, ou ainda
B2B, um conceito muito mais amplo, onde o foco não é apenas comércio via Web e sim
negócios via Web, envolvendo transações financeiras, compras, suprimentos,
licitações, vendas etc. No início o desafio era conseguir adeptos, ou seja, clientes
que se propusessem a comprar os produtos pela Internet, quando de fato, o desafio que
temos agora, é fazer com que estes produtos cheguem até os clientes. A certeza da
entrega dos produtos comprados, em boas condições e no prazo prometido, é o ponto mais
crítico do mercado virtual. A estruturação da logística para o e-commerce é um
processo vital para o sucesso de organizações tipo "pontocom".
Até pouco tempo atrás
tínhamos o que chamamos de Corporações da Era Industrial, onde as mesmas eram guiadas
pela "produção em massa", com recursos físicos escassos, pouco conhecimento
tecnológico, empresas totalmente verticalizadas e hierárquicas. Com a evolução destas
corporações, estamos chegando às Corporações Virtuais, muito mais integradas e
ampliadas, onde o mercado e o consumidor passam a ser os responsáveis por direcionar esta
nova economia. As empresas em rede, geram uma nova comunidade, um novo ambiente de
trabalho, chamado e-business, com serviços personalizados, de forma a integrar todos os
parceiros da Supply Chain.
Para a concepção de um
modelo logístico na Web, é necessário entender o funcionamento de um Market Place, ou
seja, quem são os parceiros deste mercado virtual, quais são suas responsabilidades e
focos neste mercado. Um Market Place se compõe basicamente das seguintes entidades:
1) os Fornecedores, os quais se propõem a disponibilizar seus produtos e serviços na
rede;
2) as Instituições Financeiras, as quais possuem a responsabilidade de viabilizar as
transações comerciais (bancos e operadoras de cartões de crédito);
3) os Operadores Logísticos, os quais tem a função de operacionalizar o fluxo de
produtos e materiais para o mercado virtual (armazenagem, distribuição e transporte);
4) os Consumidores, são aqueles que adquirem produtos ou serviços na rede;
5)Além destes temos as entidades relacionadas à tecnologia em si, ou seja:
6) os Provedores de Acesso à Internet; e
7) os Agentes de Canais, que são sites ou portais que centralizam os interessados em uma
mesma área na rede.
Desta forma, fica claro a necessidade de implementar e desenvolver um modelo logístico
adequado, de forma a desenvolver o fluxo de informações que irão trafegar na Web e o
fluxo de materiais e produtos para operacionalização do negócio.
É importante ainda
entender a evolução dos conceitos com relação à logística proveniente da nova era
digital. Em um mercado tradicional, temos os produtos e mercadorias tangíveis no varejo,
no e-commerce temos estes produtos expostos em gôndolas virtuais, onde o controle de
estoques passa a ser integrado entre os parceiros da rede, e os catálogos em papel passam
a ser digitalizados. O EDI tradicional tende a não existir mais, passam a vigorar
sistemas integrados para a troca de informações, o que chamamos de Web-EDIs. O antigo
faturamento em papel deve ser substituído por pagamentos eletrônicos, visando um
controle muito mais fácil, rápido e eficiente, onde a preocupação passa a ser uma
perfeita segurança no tráfego destas informações financeiras pela rede. O nível dos
serviços prestados tendem a melhorar nas transações de comércio na Web, uma vez que o
oferecimento de serviços padrões por empresas isoladas são substituídos por pacotes de
serviços integrados de várias empresas que fazem parte do Market Place.
É importante estarmos
atentos à necessidade de um modelo logístico perfeito como base de sustentação de uma
empresa voltada para o comércio virtual. É preciso verificar o modelo de negócio mais
adequado ao tipo de serviço, produtos e mercado que se deseja atender e apresentar uma
alternativa mais viável para uma operação de e-commerce, de forma a obter os resultados
esperados com relação aos investimentos, elaborando vários cenários, desenhando todo o
processo logístico para monitoramento do ciclo do pedido, desde o fornecimento até a
entrega ao consumidor final. Deve-se conceber toda a rede logística para suportar as
operações no comércio virtual, avaliando, desenvolvendo e integrando os parceiros de
negócios necessários para criação do Market Place propostos a oferecer os diversos
serviços que irão compor o mercado virtual.
O desenvolvimento de um
projeto logístico deve focar em recursos físicos, tecnologia da informação, recursos
humanos e metodologias. Estas são áreas básicas e totalmente necessárias, as quais
devem ser avaliadas com muito cuidado para a operacionalização logística no e-commerce.
Deve-se, por exemplo, avaliar os tipos de estruturas de armazenagem, o WMS (Warehouse
Information System) necessário para automatizar as operações, os recursos humanos
capacitados para operacionalizar estas tecnologias e o desenvolvimento de métodos de
trabalho e procedimentos para estes recursos. A realização de estudos de localização
geográfica, de acordo com a proposta de atendimento dos pedidos na Web, de forma
verificar a necessidade de operadores logísticos, centros de distribuição e
transportadoras, se torna algo imprescindível para a concepção do negócio. O sistema
de gerenciamento de armazéns (WMS) deve estar totalmente integrado com o sistema de
gestão corporativa da empresa (ERP Enterprise Resource Planning), e com o portal
do Market Place na Internet, ou seja, um simples pedido solicitado no site, deve iniciar
um processo de picking no WMS e consequentemente um faturamento no ERP.
Uma estruturação
logística no mercado virtual visa buscar oportunidades de otimização na cadeia, de
forma a obter a maior eficiência possível nos processos, como por exemplo, um ciclo do
pedido menor e totalmente monitorado. Percebemos ainda oportunidades com relação à
reestruturação de canais, reduzindo o número de intermediários na cadeia, eliminação
de tarefas que não agregam valor, uma possível redução de custos com a administração
destes intermediários, integração de canais de vendas, obtendo custos transacionais e
operacionais menores. Conceitos propostos pelo ECR (Eficient Consumer Response), como por
exemplo, uma reposição contínua e uma entrega rápida serão plenamente atendidos pelas
tecnologias que o e-commerce pode nos oferecer, desde que aliada a uma perfeita operação
logística, obtendo até uma melhor previsão da demanda.
Quando uma empresa decide
colocar suas operações na Web, a mesma deve estar ciente que está fadada à
globalização, sua página será vista em qualquer lugar do planeta, a proliferação de
seus produtos ou serviços se tornarão quase que imperceptíveis, a mesma conseguirá
segmentar melhor seu mercado, fidelizar clientes, estruturar canais de vendas, os ciclos
dos pedidos tendem a serem mais curtos, os pedidos serão totalmente monitorados, e uma
maior exigência do nível de serviço deverá ser requerida. Estes fatores são
extremamente críticos para a concepção do negócio, visto que a tecnologia por si só
não viabiliza uma empresa ponto.com, sem uma perfeita definição, avaliação e
operacionalização de toda a cadeia logística envolvida.
março/2002
Marco Aurelio Meda,
LTi Consultoria - Logística & Tecnologia da
Informação Integrando Soluções
(16) 3911-1675 meda@lticonsultoria.com.br
www.lticonsultoria.com.br
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