Negociação
Internacional:
Aspectos comportamentais e culturais.
A globalização criou novas exigências ao mercado de
trabalho e esta impondo a todos a necessidade de buscar aperfeiçoamento pessoal e
profissional.
Desta forma, cada vez mais os profissionais, e especialmente aqueles que por forca da
posição tem que estar em contato ou negociar com outras culturas, terão que construir
um conhecimento sobre essas culturas e ampliar a forma de comportamento quando inserido
nelas.
Importância da Cultura como elemento da Negociação
Gostaria desde já convidar todos a ampliarmos o leque deste tema. Ate porque os
aspectos culturais e comportamentais, são aspectos que por vezes parecem não tão
importantes, parecem subjetivos, mas que interferem diretamente no resultado da
negociação.
Em primeiro lugar:
Precisamos ter em mente o fato de que mesmo o indivíduo pertencendo a uma mesma
cultura as representações e significações são diferentes. E quando se trata de
negociação estamos falando de vários indivíduos sentados numa mesa e consequentemente
uma pluralidade de representações e significações.
Isso já denota por si só a complexidade de um processo de negociação e a necessidade
de compreensão da importância do conhecimento da cultura neste processo.
Em segundo lugar:
Também e importante ter em mente o fato de que mesmo pertencendo a uma mesma
cultura as empresas tem representações e significações diferentes. Que elas também
recebem uma carga cultural diferente, apesar de estarem dentro da mesma nação ou as
vezes dentro da mesma cidade. Cada empresa constrói uma cultura que e própria, que e
pessoal.
Se pegarmos no Brasil por exemplo, uma cultura com raízes
americanas muito forte, verificamos que criou-se uma forma de relação entre os
empregados e deles com o mercado que e diferente de outras empresas que nasceram
completamente nacionalizadas.
Se pensarmos por exemplo que existem culturas corporativas onde a imagem do fundador e
muito forte e determina o comportamento dos empregados de tal maneira que essa cultura
acaba se diferenciando do restante. Entao percebe-se que a figura do fundador, a cultura
do fundador , e determinante na cultura empresarial. Quem fundou, que diretrizes iniciais
deu para o negocio o que e muitas vezes determinante de como essa empresa inclusive se
relaciona com o próprio mercado.
Quando isso fica claro na percepção do negociador ele começa a ter entendimento da
complexidade na diversidade cultural.
Num processo de negociação, os negociadores levam todos esses elementos para fora de seu
pais, isso se torna sua estrutura de apoio. As culturas envolvidas estarão contribuindo
com representações e significações de ambos os lados porque independemente do que
esteja sendo negociado há interação entre pessoas, entre comportamentos empresariais.
Portanto, as representações e significações podem ser fatores que interferem na
interpretação de sucesso ou fracasso na negociação.
Isto pode ser exemplificado claramente no filme "Fabrica de Loucura", quando um
americano, entra na sala de negociação e apresenta o produto: uma fabrica que quer
negociar e ao final da exposição tem a expectativa de ser crivado por uma serie de
perguntas enquanto os japoneses permanecem calados. Sai da sala de negociação e retorna
ao seu pais com o a sensação de fracasso, para so mais tarde descobrir que não foi este
o resultado. Situações como esta ocorrem no cotidiano das pessoas e com muita clareza
nas situações de negocio.
Com o volume de negócios que vem crescendo de forma vertiginosa, entre países que
compõe os mercados globalizados, não e possível não se preocupar com a importância de
ter negociadores preparados para esta realidade.
O Desenvolvimento da Competência Negocial
Desenvolver o perfil do negociador e algo que se faz premente em qualquer empresa que
pretenda permanecer atuante no mercado.
O mercado já não aceita mais profissionais que lancem mão de soluções caseiras,
posturas espertalhonas, conhecimentos restritos em relação ao seu papel.
O mercado exige que os profissionais que se sentem a mesa para negociar com outras
culturas, não importa se mesmo no Brasil ou em Cingapura, saibam que as pessoas carregam
consigo algumas estruturas de apoio, elementos nucleares da cultura e da historia pessoal,
que vao juntos para a mesa de negociação.
Essa estrutura de apoio, na verdade são os valores que o negociador apreendeu ao longo da
sua experiência pessoal e profissional e que ficam mais fortes, mais acirrados no momento
de negociação.
Se pensarmos por exemplo, um negociador saindo do Brasil para negociar na China ou no
Japão, o grande apoio que ele tem, a grande retaguarda dele e a conservação dos seus
valores. Ele não pode chegar numa negociação e simplesmente abrir mão de todos os
valores e agir com novos valores. Ele possui alguns valores dos quais não poderá abrir
mão. São aqueles símbolos chamados nucleares, que não sofrem transformações, não
importa o grau de aculturação.
E nesse processo que também o outro negociador chega a mesa de negociação carregando as
mesmas estruturas de apoio, provenientes da sua cultura e historia pessoal para interagir
durante as negociações. Porque esse e o esteio que todo negociador tem, e e o que
consegue trazer junto.
Quando ele traz isso para mesa de negociação num pais completamente diferente, numa
cultura diferente, o que ele esta fazendo ? Ele esta se apoiando nesses elementos de
cultura.
A construção desse conhecimento fará uma enorme diferença no perfil do negociador. Se
ele for uma pessoa que tem uma percepção cultural ampla, dos traços e valores de
determinada (s) cultura (s), seja porque interagiu com essas culturas e introjetou a
experiência, seja porque busca um entendimento da diversidade cultural.
Essa amplitude em relação a diversidade de culturas, permitira ao negociador interagir
com maior flexibilidade em relação a outras culturas, entender que respeitar a cultura
do outro não significa submissão. Significa integração, interação e interpelação
das culturas de tal maneira que e importante que os dois lados sintam que tiveram sucesso
na negociação, uma vez que estão em cena não so os valores das pessoas, mas também
das organizações. Então podemos dizer que esse profissional tem um perfil de negociador
diferenciado.
A construção desse conhecimento fará uma enorme diferença no perfil do negociador.
Poderemos dizer que ele formou uma personalidade de negociador quando desenvolver uma
amplitude de contato com a diversidade cultural e tiver entendimento que para se ter
sucesso numa negociação, e preciso respeitar a cultura do outro e que isso não se
traduz em submissão. Significa integração e interação das culturas de tal maneira que
os dois sintam que tiveram sucesso na negociação uma vez que esta em jogo não so os
valores das pessoas, mas também os das organizações.
O que fazer para ampliar a competência Negocial ?
Um dos grandes desafios nesse processo de desenvolvimento do perfil do negociador e
minimizar a insistência por parte de alguns profissionais em querer focar o processo de
negociação no aprendizado somente das técnicas de negociação e no engessamento ou
manualizacao de alguns comportamentos culturais como por exemplo: no Japão entregue o
cartão assim...., nos EUA não se atrase etc.
E com isso muito se perde na construção do conhecimento dos aspectos culturais e
comportamentais.
A produção desse conhecimento em sintonia com as técnicas, os estilos de negociação e
as etapas de preparação de uma negociação resultam na performance do negociador e
consequentemente na sua competência Negocial.
Esperamos que os profissionais que estejam atentos aos cenários e a chamada "Era da
Competência", amplie seu foco em relação a questão do desenvolvimento da
competência Negocial. E que apesar de ser do cotidiano dentro da empresa o processo de
negociação tem nuances e sutilezas muito importantes que devem passar por um processo de
planejamento antecipado, de tal maneira que a empresa conte com verdadeiros negociadores
que sejam capazes de levar os seus princípios, valores e cultura empresarial para
qualquer processo de negociação tendo a flexibilidade e a capacidade de estabelecer
processo interativo onde obtenha o sucesso.
Interativo e de respeito onde a cultura seja um aliado do processo de negociação.
Leila Rockert,
www.institutomvc.com.br