Ao escrever o titulo deste artigo,
me veio a mente o famoso livro do velho Karl Marx. A primeira vez que apareci com esse
livro na casa de uma tia, com quem morava nos tempos de estudante, notei um olhar
desconfiado percorrendo o semblante de toda a família. Será que esse garoto virou
comunista!! Deve ter sido o pensamento coletivo. Na verdade, a leitura
era apenas o dever de casa exigido pela professora de sociologia. A única coisa de
comunista que tive na vida, foi uma namorada, estudante de economia da Unicamp, que tentou
durante mais de um ano me convencer, sem sucesso, da necessidade premente dos
trabalhadores pegarem em armas para se libertar da opressão capitalista.
Como era de se esperar, não tiveram sucesso, nem a dita revolução, nem o meu namoro
dialético. Na verdade, hoje soa até anacrônica essa estória toda. Mas,
voltando aos tempos presentes, a palavra Capital sempre teve um certo peso, um
quê de coisa perigosa ou daninha, principalmente em países de formação
predominantemente católica como o nosso. Tive esses pensamentos, entre uma palestra
e outra de um evento sobre Capital de Risco organizado recentemente pela Endeavor. Um
dos objetivos do evento, era aproximar candidatos a empreendedores do Capital, aquele
recurso sem o qual qualquer bom projeto mantém-se eternamente apenas como uma boa
idéia.
Diversos estudos indicam que uma das grandes dificuldades dos empreendedores no Brasil,
aliada a falta de formação e as incertezas econômicas, é a dificuldade de alavancar
capital, principalmente na fase inicial dos projetos, quando a idéia ainda não saiu do
papel ou se saiu, ainda não começou a produzir resultados expressivos. Capital no
Brasil, não é uma mercadoria facilmente acessível aos pequenos investidores. É
uma mercadoria cara e para a qual não dispomos de uma oferta regular, isso devido
principalmente a ausência de mecanismos eficientes de aproximação entre candidatos a
empresários e investidores de capital de risco. E é esse no meu entender, um ponto
fundamental: a aproximação entre o empreendedor motivado, entusiasmado com um bom
projeto na mão, do investidor com recursos e disposto a correr riscos, desde que
presumivelmente compensadores. Ambos possuem os componentes fundamentais para a equação
final que pode resultar em sucesso: conhecimento, motivação, uma boa idéia e os
recursos para colocá-la em prática. A associação de ambos possibilita o lucro, a
geração de emprego, renda e benefícios para ambos e para toda a coletividade através
da incorporação de parte da receita para os cofres públicos. O citado evento, teve como
mérito, facilitar essa aproximação, mas ainda é um exemplo isolado e, obviamente em
termos quantitativos, sequer arranha a enorme massa de empreendedores buscando uma pequena
quantia de capital para dar o empurrão inicial ao seu projeto.
Eu diria que a grande maioria desses empreendedores busca na verdade, mais apoio
estratégico, que grandes volumes de recursos. É nesse contexto que ganham
importância iniciativas desenvolvidas por entidades diversas como Sebrae, BNDES,
Finep Endeavor, organizações como as incubadores de empresa que tem se expandido muito
no Brasil, (ver www.e-commerce.org.br/incubadoras.htm
); além de sites como o E-commerce e diversos outros, que procuram disseminar
conhecimento qualificado de forma a facilitar o surgimento de novos casos de
sucesso.
O Brasil já ocupa lugar destacado no ranking quantitativo de empreendedores, nossa
missão agora, é expandir o número de bons projetos que conseguirão se transformar em
negócios viáveis e lucrativos e que gerarão benefícios para toda a sociedade.
maio/2002
Dailton Felipini,
Mestre em Administração pela Fundação
Getúlio Vargas. Consultor e Professor de Planejamento e Gestão de Empresas
Ponto-com na Universidade Ibirapuera.
Editor do site: www.e-commerce.org.br
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