O presidente Busch quer guerra. O presidente Lula quer
matar a fome do povo. A gasolina não pára de subir. Os impostos continuam altos e o
salário, baixo e para completar o quadro da dor, este ano o carnaval é só em março.
Chega ou quer mais? Se quiséssemos poderíamos aumentar a lista dos prováveis e
possíveis motivos para explicar por que as coisas neste país não acontecem.
Graças à globalização, podemos por a culpa em tudo. Desde o conflito do Golfo Pérsico
até em qualquer coisa que acontecer em qualquer lugar do mundo, de preferência, bem
longe de nós. Mas será que a razão pela qual as coisas no Brasil não acontecem, não
está relacionada com o mundinho que nos rodeia ou pior, com nós mesmos?
Acostumamo-nos a escutar cantores que não têm ouvido musical. É comum vermos
empresários que não têm visão e vendedoras que não sabem vender nada, pois foram
contratadas não pela capacidade ou conteúdo, mas pelo visual e não nos assustamos.
Sabemos de pessoas que abrem uma empresa, fecham os olhos e viram as costas deixando tudo
por conta de funcionários. Enquanto elas ignoram a famosa expressão que faz referência
ao olho do dono do porco e engordam a triste e robusta lista das empresas que fecham, nós
ignoramos sua morte anunciada e não fazemos nada para ajudar.
Será que criticar ou reclamar das pessoas e das empresas não é maldade? Não, não é.
Maldade é o que pessoal anda fazendo com empresas que poderiam crescer e aumentar o
profissionalismo, o empreendedorismo e o desenvolvimento de nosso comércio e a
incompetência não deixa. Preste atenção e veja o nosso comércio assim, como uma
Atlântida tropical, submergir num mar de amadorismo.
O frentista do posto de gasolina, na ânsia de atender rapidamente, não espera o tempo
suficiente para ouvir o que exatamente se deseja e já sai andando em direção à bomba,
deixando a pessoa falando sozinha. Em casa, quem deseja ardentemente ouvir o que se está
dizendo, mesmo que o assunto não esteja relacionado a ela, é a empregada doméstica.
Contratada para passar e cozinhar, sequer sabe passar roupas, enquanto cozinhar nunca foi
o seu forte.
A atendente da panificadora em vez de buscar aquilo que se está pedindo, primeiro anota
tudo em um papelzinho, sem que ela saiba exatamente o que está escrevendo e sem que se
tenha tempo, durante o atendimento, para olhar para os lados, ver quais são as opções
que se tem para comprar e só então poder decidir o que se vai levar. Em contrapartida,
quem não anota nada é o garçom, cujo pedido de bebidas, traz de cabeça, tudo errado e
distribui aquilo que não foi pedido para pessoas que decididamente não pediram aquilo.
Dentro do táxi, descobre-se que o motorista nunca foi no endereço desejado, não sabe o
caminho, não sabe qual é a melhor faixa para seguir, nem qual é a melhor estação de
rádio para se ouvir. A balconista da loja de roupas, por sua vez, garante que trabalha
com roupas há vários anos, que sabe tudo sobre tecidos enquanto jura de pés juntos que
100% viscose quer dizer algodão puro.
Como diz minha mãe, na sabedoria mineira que herdou da mãe dela, para um macaco é
fácil falar do rabo dos outros enquanto ele está sentado em cima do próprio rabo. Está
na hora de pararmos de lamuriar e apenas procurar motivos e desculpas para a situação em
que vivemos. Não será o Lula, nem seus programas de governo que nos ajudará, mas nós
mesmos. Somos capazes de transformar as coisas. A nossa vida, o nosso trabalho, nossos
resultados e nossos erros.
Se cada um de nós procurar de alguma forma alertar os empresários sobre suas
responsabilidades, cobrar serviços melhores, exigir respeito por nós e por nosso
dinheiro e ao mesmo tempo, soubermos contratar, treinar, delegar e cobrar os resultados
esperados de nossos próprios funcionários, estaremos contribuindo com nossa humilde
parte para que o Brasil, como um todo, saia do amadorismo geral e torne-se um vencedor
profissional.
fevereiro/2.003
Designer, consultor de Identidade Estratégica e diretor de Criação da Datamaker Designers,
empresa com sede em Curitiba - PR, que atua desde 1986 desenvolvendo projetos em design de
ambientes, gráfico, e de produto.
criacao@datamaker.com.br
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