Uma
das maiores preocupações do governo federal, o comércio exterior, tem tudo para ser
decisivo na solução dos problemas nacionais. Mas, para que isso se torne realidade, o
setor depende de melhorias imprescindíveis na área da logística. Somente com o
fortalecimento desta área e o seu amplo uso, o Brasil pode aumentar consideravelmente
suas exportações. A parceria entre governo e iniciativa privada é a solução mais
viável para garantir as melhorias.
As empresas nacionais notaram há muito tempo que as despesas com
movimentação de cargas têm influência direta no seu potencial competitivo. Em um mundo
globalizado, qualquer gasto a mais representa aumento nos preços e a conseqüente perda
de clientes. Se levarmos em conta que o chamado Custo Brasil é um sério
problema para quem exporta, não se preocupar em otimizar a logística pode se tornar um
erro fatal.
Ao invés de buscar a contenção de custos na redução de pessoal, as
empresas devem se aprofundar na implementação da seqüência transporte-logística.
Parte das empresas que trabalham com o comércio exterior já dispõe até de
departamentos específicos para cuidar desta área. Afinal, é por meio dela que se
alcançam os lucros e se reduzem custos sem excluir mão-de-obra.
Se por parte do empresariado a conscientização sobre a importância da
logística já é uma realidade, pelo lado do governo a tarefa é bem mais ampla. O ponto
inicial é a implementação efetiva da reforma tributária, que pode representar uma
severa diminuição de encargos para quem exporta. O resultado imediato é a diminuição
de preços e o aumento da competitividade da indústria brasileira no mercado externo.
Atualmente, os impostos representam um prejuízo de milhões de dólares por ano.
Outro desafio para o governo Lula é melhorar as condições de transporte
até portos e aeroportos. A situação atual representa atrasos nas entregas, gastos
enormes com pedágios e manutenção de veículos (causada pelas péssimas condições das
estradas), além dos prejuízos financeiros e humanos com os acidentes.
Apesar de uma discreta melhoria após sua privatização, o transporte
ferroviário ainda não é aproveitado adequadamente. A situação é praticamente a mesma
quando se fala em transporte fluvial, que pode proporcionar um aumento considerável nas
exportações brasileiras. No entanto, segue praticamente abandonado apesar de ter o mais
baixo custo de transporte entre todos os modais.
Com o empenho das empresas e do governo federal poderemos ter um impulso
sério e definitivo no comércio exterior. Se as duas partes colocarem em prática as
soluções necessárias, a logística poderá efetivamente se tornar a arma decisiva para
o setor.
As empresas brasileiras já estão começando a utilizar ferramentas como
WMS (sistema de gerenciamento de armazéns ou centros de distribuição) e softwares de
supply chain management (gerenciamento da cadeia de suprimentos), ferramentas fundamentais
para se otimizar o fluxo das operações de mercadorias.
O empresário brasileiro precisa se acostumar à adequação às
cadeias de suprimentos das empresas compradoras do mercado externo. Compradores estes que
não se preocupam exclusivamente com o binômio qualidade e preço, mas, também, com o
nível de serviço agregado na operação de exportação. Afinal, a logística é uma
cultura enraizada nos países desenvolvidos.
Pode-se acrescentar que cursos de formação em logística ainda são
novidades no Brasil. Estes cursos de capacitação no segmento da logística são
fundamentais na melhoria dos serviços prestados na exportação. Uma boa notícia nesta
área é a chegada ao país do I.L.I. (Instituto Ibero-americano de Logística), uma das
maiores instituições de treinamento em logística do mundo. O I.L.I. vai oferecer
cursos voltados para a operação, supervisão, gerência e diretoria (MBA em Logística),
com certificação européia reconhecida pelo E.C.B.L. (European Certification Board of
Logistics).
fevereiro/2003
Michel Abdo Alaby,
Consultor em Comércio Exterior da Qualilog Consulting
Economista, administrador e contador, é consultor da Organização das Nações Unidas
(ONU) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Vice-presidente da Associação dos
Executivos de Comércio Exterior (Adebe), presidente da Associação de Empresas
Brasileiras para a Integração de Mercados (Adebim), membro do Conselho Técnico da
Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e do Comitê Setorial de Comércio
Exterior da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Comenda do Rio Branco, título de
grão mestre, 2002.
www.qualilog.com
Tel. (11) 3772 3794
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