Pouco
conhecido pela maioria da população brasileira, o transporte multimodal pode representar
a solução para grandes problemas nacionais, como o desemprego e a baixa geração de
renda. Somente a completa integração das várias opções de transporte, os modais, tem
condições de fazer crescer a produção e o consumo, o número de empregos e a
diminuição da pobreza e da fome no país. Se o Brasil investir seriamente e com
competência na intermodalidade, as promessas do atual governo federal em relação à
melhora definitiva da nação em termos de qualidade de vida terão chances muito maiores
de se concretizarem.
Ao se implantar a intermodalidade, os custos de distribuição cairão
substancialmente, fazendo com que a produção chegue ao seu destino com um preço mais
competitivo, aquecendo a economia e, portanto, gerando mais empregos. Serão novos postos
de trabalho tanto na fase de estruturação de modais como o ferroviário, por exemplo,
quanto como na própria indústria. Afinal, com uma melhor distribuição de mercadorias a
tendência óbvia é que surja uma demanda maior e uma conseqüente necessidade de uma
maior produção.
Até hoje, o país sempre se preocupou em fazer das estradas a principal
opção para a movimentação de cargas, deixando de lado modais como as ferrovias, as
hidrovias e o transporte aéreo. O resultado desta escolha é o estado calamitoso da nossa
malha viária, a quantidade absurda de acidentes e mortes, e o aproveitamento inadequado
das outras variantes de transporte. A indústria que depende da malha rodoviária vem
enfrentando sérios problemas e se mantém estagnada. Mais uma prova de que a
implementação de novos modais se faz necessária. Péssimas condições das rodovias, o
crescimento descontrolado do roubo de cargas, preços de fretes e os pedágios têm
impedido o crescimento deste sistema.
Somente nos últimos anos oito anos é que houve uma tímida intenção de
alterar esta situação. Durante os dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso foram criadas agências nacionais para cuidar do setor de transporte, como o
Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit), o Departamento
Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Apesar disso, números oficiais comprovam que o sistema marítimo, por
exemplo, está diminuindo. Se em 1985 o transporte marítimo foi responsável por 18,3%
das mercadorias movimentadas no Brasil, em 2000 este número caiu para 13,8%. Ou seja, uma
prova clara de que postos de trabalho estão sendo extintos em meio a um período de
instabilidade social. É trágico e lamentável que algo assim ocorra em um país dono de
um potencial imenso em termos de hidrovias.
O programa Fome Zero é uma grande iniciativa. Mas, sozinho, não será
suficiente para solucionar o drama do povo brasileiro. Outras atitudes mais amplas e
complexas se fazem necessárias para complementá-lo e direcionar o país para uma
mudança real e irreversível.
março/2003
J. L. Amaral
Engenheiro, especialista em logística e supply chain management e diretor comercial da
Qualilog Consulting
www.qualilog.com
Tel. (11) 3772 3794
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