Imagine que você seja o responsável pelo setor de
treinamento em uma grande empresa e, numa bela e ensolarada tarde de sexta-feira, o seu
chefe lhe apareça a porta, com um singelo pedido: Estamos lançando um novo produto
no mercado e temos que treinar todos os nossos vendedores sobre as características,
performance, atributos e utilização desse novo produto no prazo de dez dias. Para
tornar a coisa mais divertida, sua empresa tem alguns milhares de vendedores dispersos por
todo o território nacional, desde Manaus até Porto Alegre, sendo que a sede da empresa
é logo ali na Praia do Botafogo, no Rio de Janeiro; o seu orçamento para viagens e
despesas com instrutores está no osso e, além disso; o pessoal de Finanças
acha um absurdo interromper o fluxo de receita proveniente das vendas só para os
vendedores assistirem cursos no Rio.
Guardadas as proporções, este é um desafio relativamente comum para as empresas em um
mercado globalizado, competitivo e em constante mutação: agregar conhecimento aos
funcionários de forma extremamente rápida, eficiente e de baixo custo. É ai que entra o
e-learning, o uso da Internet na propagação de conhecimento.Tecnicamente, o e-learning
é o ensino realizado através de meios eletrônicos. É basicamente um sistema hospedado
no servidor da empresa que vai transmitir, através da Internet ou Intranet, informações
e instruções aos alunos visando agregar conhecimento especifico. O sistema pode
substituir total ou, o que é mais comum, parcialmente o instrutor, como o condutor do
processo de ensino. As etapas de ensino são pré-programadas, divididas em módulos e
são utilizados diversos recursos como o e-mail, textos e imagens digitalizadas, sala de
bate-papo, links para fontes externas de informações, vídeos e teleconferências, entre
outras. O treinamento pode ser montado pela própria empresa ou por qualquer dos
fornecedores desse tipo de solução já existentes no mercado.
Quais as vantagens! A primeira delas, e que serviu como exemplo no inicio desse artigo é
o rompimento de barreiras geográficas e temporais. Um curso sobre um novo produto, por
exemplo, pode ser feito de qualquer local do planeta a qualquer momento, bastando para
isso o acesso a Internet e uma senha. Enquanto, espera ser atendido pelo comprador, o seu
vendedor pode puxar o lap-top e ler o texto sugerido no curso; em casa, enquanto seu
companheiro(a) perde tempo assistindo Big Brother, o vendedor pode fazer os exercícios
propostos pelo instrutor. Em síntese, o aluno gerencia o seu próprio tempo disponível,
dentro dos parâmetros estabelecidos pelo curso e não perde tempo com deslocamentos.
Outra vantagem, está relacionada a reprodução do conteúdo. Uma vez montado o curso
para um aluno, a sua reprodução para dois, centenas, ou milhares de alunos pode ser
feita a um custo marginal insignificante. Com um curso tradicional, o máximo que se
consegue é montar turmas de alunos, até se completar todo o universo que se pretenda
atingir numa escala crescente de custos, energia e tempo dispendido. Evidentemente,
isso sugere que, para poucos alunos, talvez um treinamento convencional seja a solução
mais adequada. Por outro lado, pensando em termos de políticas públicas de ensino, onde
o universo se mede não em milhares, mas em milhões de candidatos à instrução, é
possível que o e-learning, venha a representar uma verdadeira revolução na geração de
conhecimento.
É importante ressaltar, que o e-learning não veio para substituir o ensino tradicional,
da mesma forma que a Internet, não substitui a TV que, por sua vez, não fez desaparecer
o rádio. O e-learning é uma nova ferramenta potencializada pela Internet e perfeitamente
ajustada às características de nosso tempo, marcado pela agilidade, velocidade e
gigantescos volumes de informação a serem digeridos. No que se refere às empresas, o
objetivo não deve ser puramente substituir uma forma de ensino por outra, mas sim,
utilizar essa ferramenta na medida adequada às necessidades de forma que os objetivos da
organização sejam plenamente atingidos.
abril/2003
Dailton Felipini ,
Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor
e Professor de Comércio Eletrônico na Universidade Ibirapuera. Editor
dos sites: www.e-commerce.org.br
profdailton@e-commerce.org.br
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