De que lugar vem o primeiro
tiro...
A concorrência entre empresas atualmente ganhou uma perspectiva diferente da
tradicionalmente conhecida. Anteriormente as linhas e divisões eram bem mais claras e
definidas, hoje, o difícil é saber de que lugar o tiro vai partir.
Se analisarmos com calma chegaremos a conclusão que anteriormente os maiores concorrentes
na área de gravadoras eram bem definidos, tínhamos a Universal disputando espaço com a
BMG, que também disputava fatias de mercado com a Som Livre e assim por diante.
Pepsi e a Coca-Cola, uma representava a principal concorrente da outra. Entre os bancos
era a mesma coisa, o Bradesco disputando espaço com a Caixa, com o Banco do Brasil entre
outros. Tínhamos a Zoomp concorrendo com a Levis, que também concorria com a
Fórum.
Analisando a faixa de concorrentes reais e potenciais pode-se perceber que a disputa por
mercado é muito mais ampla. A probabilidade de que uma empresa seja atacada por
concorrentes menores é mais forte se considerado a grande quantidade de empresas
emergentes que vem surgindo além das já conhecidas e tradicionalmente reconhecidas.
Hoje a Sadia e a Perdigão disputam espaço com pequenas e médias empresas regionais, que
em muitos casos possuem não notoriedade das marcas tradicionais, mas uma possibilidade de
flexibilização em sua linha de produtos e serviços no atendimento aos consumidores que
não podem ser desconsideradas.
As conhecidas tubainas aos poucos vieram ganhando participação de mercado e
ocupando espaço nos pontos de vendas , sua participação gira em torno de mais de 20% do
mercado atualmente além do crescimento dos não gasosos. Ora, se elas ocupam este
espaço, alguém o perdeu.
Gravadoras vem concorrendo com os cds piratas e a Internet, numa briga as vezes até
injusta. As grandes empresas da moda disputam o consumidor com pequenas facções e marcas
regionais, e os exemplos poderiam prosseguir por diversas linhas.
No entanto, o que é importante perceber é que a diferença em termos de qualidade de
produtos e serviços vem diminuindo com o passar do tempo, anteriormente as grandes marcas
possuíam sua notoriedade advinda de seu poder de penetração de mercado principalmente
através da marca e qualidade dos produtos e serviços.
Com o passar do tempo o acesso a tecnologia e a profissionalização das empresas de menor
porte conseguiram mostrar que a dança não é somente entre os grandes, o pequeno também
procura (e vem encontrando) seu par para a valsa.
Os concorrentes emergentes (geralmente pequenos e médios) vem ocupando um espaço
anteriormente não imaginado, ao irmos as compras nos supermercados podemos encontrar as
marcas tradicionais dividindo espaço com os pequenos.
Existe uma tendência latente de que tais concorrentes emergentes consigam personalizar de
forma mais contundente sua forma de atuação junto aos varejistas e por conseqüência
estar freqüentemente disponível nos pontos de venda. A principio esta relação se dava
em função do preço mais baixo, hoje já podemos perceber que existem outros atributos
oferecidos e que vem impactando contra a venda dos grandes como por exemplo o tempo de
entrega, os prazos e condições oferecidos, os serviços de pós-venda entre vários
outros.
Anteriormente os pequenos e médios não possuíam ao menos planilhas de custos
detalhadas, hoje já encontramos empresas destes portes com uma bem delineada estratégia
competitiva, muito mais refinada do que a 3, 4 ou 5 anos atrás.
Diversas destas empresas emergentes vem conseguindo aproveitar a potencialidade e
disponibilidade de matérias-primas e componentes regionais em favor da diminuição de
custos e ganhos de tempo, aproveitando as diferenças em termos de impostos e repassando
para seus produtos e tornando-os mais atraentes do que anteriormente eram.
Antes se dizia que as pequenas deveriam aprender comas grandes, hoje já temos valiosas
lições de pequenas e médias empresas que precisam ser observadas pelas marcas
tradicionais.
As fronteiras atuais da concorrência nunca foram tão amplas e fragmentadas. Algumas
lições que os grandes deveriam considerar atualmente incluem:
Entre diversas outras.
Sem medo de dizer bobagem pode-se afirmar que nos dias de hoje não é o grande que engole
o pequeno...É o mais rápido que toma espaço do mais lento.
Com isto não se quer afirmar que as grandes estão condenadas, ou que irão acabar, o que
se quer dizer é que as fronteiras da competição não são mais delimitadas pelo tamanho
e sim pela capacidade de adequação com o mercado.
Além do que não é mais privilégio das grandes a profissionalização, os custos
rigorosamente controlados, o planejamento estratégico e mercadológico, a logística e as
características de produtos e serviços.
O fato é, na briga entre Davi e Golias, não dá para arriscar um palpite realmente certo
a respeito do vencedor.
junho/2003
Fábio Luciano Violin,
Mestre em Estratégias e Organizações - UFPR
Especialista em Planejamento e Gerenciamento Estratégico - PUC-PR
Professor universitário, palestrante e consultor de empresas.
flviolin@hotmail.com
ou flviolin@terra.com.br
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