Por mais que tente, não consigo deixar de olhar para as
coisas da Internet com olhar crítico. Dias atrás, trafegava pelas plácidas e calmas
avenidas de São Paulo, quando fui ultrapassado por um furgão de entrega de flores de uma
empresa da Internet. O nome do site em letras garrafais me lembrou da necessidade de
enviar flores para alguém justamente naquele dia. Ao chegar ao escritório e entrar na
Internet, tentei várias vezes digitar o nome correto do site e não consegui. Após
várias tentativas, desisti e procurei uma floricultura qualquer no mecanismo de busca, o
que resolveu meu problema, mas não resolveu o problema da empresa que perdeu uma venda.
Somente mais tarde, me deparei novamente com o nome fujão, que era composto de palavras
em inglês, no plural e com letras dobradas. A empresa acertou em cheio ao divulgar o nome
do site em destaque no furgão, mas infelizmente não havia escolhido um nome fácil de
memorizar. Fico imaginando quantas pessoas não vêem um anúncio de passagem e
depois não conseguem se lembrar do endereço pela dificuldade de memorização daquela
palavra.
Na mesma semana, recebi uma carta de uma empresa de saúde, comunicando a implantação de
diversos serviços de suporte ao cliente em seu site. Registrei a preocupação correta da
empresa em transferir serviços para Internet e utilizar com mais ênfase todo o potencial
desse canal, mas o nome do site... Veja só: sulamericasaudeonline.com.br!
Haja fôlego para pronunciar o nome completo. Evidentemente não há necessidade de um
nome assim tão extenso, é um convite para dificultar a vida do visitante potencial do
site.
Igualmente problemático, é um nome curto mas que não diz absolutamente nada. Veja
estes: jlm.com.br, jlc.com.br. jlv.com.br. São
exemplos reais do uso de siglas para dar nomes a empresas, prática disseminada no Brasil
e que contagiou também os endereços na Internet. Uma dessas empresas faz comunicação
visual, a outra constrói casas e a outra desenvolve softwares. Até prova em contrário
são empresas competentes, mas você saberia identificar qual nome pertence a quem?
Talvez o nome represente as iniciais dos sócios, ou da razão social, mas isso
não faz nenhum sentido para o cliente potencial, apenas dificulta sua memorização. É
muito difícil construir uma marca em cima de um nome desses. E se estiver passando
pela sua cabeça o exemplo da marca IBM, esqueça. A empresa tem um século de
existência, foi durante anos a rainha absoluta e onipresente na fabricação de
computadores e já investiu incontáveis milhões de dólares para tornar essas 3 letras
conhecidas. Não é o caso de 99,99% das empresas nascidas em meio a um oceano de marcas e
nomes e que não possuem tantos recursos assim para investir em divulgação.
Uma marca é a presença de sua empresa na mente do consumidor. Uma boa marca vai
facilitar a comunicação, a memorização e a associação de coisas boas que a sua
empresa pode oferecer.
Por outro lado, um nome ruim implica a necessidade de mais investimento em
divulgação para atingir o resultado esperado. Agora, se a marca é importantíssima na
comunicação com o consumidor, mais importante ainda é o domínio que além de ser a sua
marca na Internet, será digitada, letra por letra pelo seu cliente potencial. Ela é a
senha que coloca o seu cliente potencial dentro de sua empresa e se ele errar uma letra,
nem sempre terá paciência para ficar procurando seu site.
Vale a pena se preocupar com isso.
E mesmo para quem já possui um bom domínio registrado, cabe uma sugestão. É muito
fácil registrar um domínio similar ao de sua empresa com apenas uma pequena letra a
mais e é também muito fácil, hoje em dia, registrar um domínio exatamente igual ao de
sua empresa com a extensão .com. A dica é: faça isso você mesmo antes que
outros o façam. Registre o seu domínio também com a extensão .com e
registre domínios similares ao seu. O investimento é ridículo se comparado ao
risco evitado. Em nosso site, você encontra mais informações e indicações de livros
sobre o assunto.
julho/2003
Dailton Felipini ,
Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor
e Professor de Comércio Eletrônico na Universidade Ibirapuera. Editor
dos sites: www.e-commerce.org.br
profdailton@e-commerce.org.br
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