Fim do Emprego
É isto mesmo os empregos vão acabar. Não hoje nem amanhã, mas estão
em um futuro não tão distante, o conceito do que hoje chamamos de emprego, esta com os
dias contados.
Em algum momento da vida você já ouviu falar em empregabilidade?
Pois bem, este termo está sendo cada vez mais questionado e aplicado nas empresas de
pequeno, médio e grande porte, isto vem ocorrendo pelo fato de que as mudanças em todos
os sentidos e setores têm exigido competências e habilidades sem precedentes. Mesmo em
atividades tradicionais e aparentemente sem muitos desafios a realidade começa a mudar e
sinalizar para o fim do emprego como conhecemos.
Estabilidade é palavrão.
Tranqüilidade só se for na lua.
Poucas coisas são certas e verdadeiras atualmente, no entanto, uma
verdade parece ganhar corpo: manter-se empregável - e isto significa,
manter-se atraente aos olhos do mercado é um dos grandes desafios de profissionais
que almejam diferenciação.
Mas não se alarme (ou se alarme), ainda há espaços para os
incompetentes, encostados, preguiçosos e pouco produtivos.
Em que lugar?
Nas empresas que ainda não despertaram para a urgência do senso de
equipe, acostumadas a fórmulas prontas, que se recusam a qualificar e aprimorar seus
colaboradores, que não avaliam produtividade e contribuição para a causa da empresa ou
ainda nas que tem em seu quadro os deuses, sim, os deuses. Aqueles
que sabem de tudo, que acreditam que a sua visão de mundo é a melhor, que fazem vista
grossa para a própria incompetência, aqueles que não se dignam a tirar os olhos do
próprio umbigo.
Para se ter uma noção da urgência de trabalhar com o conceito de
empregabilidade basta perceber que o computador vem tomando corpo no dia-a-dia das
empresas, e isto exige novas competências. A força bruta esta sendo substituída pela
criatividade, os conflitos vem dando lugar as negociações e o medo ou métodos punitivos
que assombram as pessoas vem sendo trocado pela motivação.
Esta era maravilhosa, em que o ser vem antes do ter, ainda esta
engatinhando, no entanto, da mesma maneira vem exigindo mais e excluindo de forma acintosa
e contundente aqueles que não estão buscando adequação.
O individualismo vem perdendo espaço, as equipes de uma única estrela
estão deixando de ganhar campeonatos, afinal, por melhor que você ou seu departamento
seja, existe sem sombra de dúvidas a interdependência e inter-relacionamento com outros
setores com outros departamentos.
No entanto, existe um fato alarmante, a maioria dos profissionais esta
obsoleto ou possuem um tempo de adequação bastante reduzido. Alguns fatores exercem
maior pressão ao nosso cotidiano, entre eles pode-se destacar:
A tecnologia que tanto facilita e melhora nossas vidas, mas que em
contrapartida nos impõe a necessidade de rápida adequação, veja o exemplo dos bancos,
o quanto evoluíram em termos de tecnologia tanto hard (máquinas e equipamentos) quanto
soft (transferências eletrônicas, serviços inteligentes).
Outro exemplo de como a tecnologia vem influenciando nossas vidas e por
conseqüência nossa capacidade de empregabilidade são as aplicações e opções que a Internet
nos oferece, atualmente se você quiser uma dissertação de mestrado ou uma tese de
doutorado já existem pessoas que a desenvolvem.
Mas não é somente a tecnologia que influencia nossa capacidade de
adequação ao mercado, profissões como por exemplo o antigo contador vem dando lugar a
um gestor de informações, que pode atuar como um termômetro das empresas.
O frentista de um posto hoje deve ter noções de mecânica, atendimento ao
consumidor, localização de pontos importantes da cidade, entendimento do senso de pressa
e urgência do cliente.
As secretárias, seguranças e boys das empresas são hoje uma espécie de cartão
de visita das empresas, precisam ter informações a respeito do seu funcionamento, afinal
em geral são as primeiras pessoas a terem contato com os clientes.
Os vendedores precisam estar conectados com o que de novo existe na
profissão, dos preços, prazos, tipos de produtos e promoções não somente da empresa
mas dos principais concorrentes, e mais, devem possuir um canal de comunicação com os
seus gerentes para repassar informações em tempo hábil para que se possa tomar
decisões de adequação ao mercado, principalmente em relação as ações dos
concorrentes ou problemas e necessidades dos clientes.
O conceito de empregabilidade esta intimamente ligado com a capacidade de
gerir informações, com a capacidade de tornar dados em ações contundentes.
Com o final das taxas de inflação com mais de 2 dígitos, aliadas a
grande quantidade de novos produtos lançados quase que diariamente e ainda acirramento
mais contundente da concorrência, as empresas viram suas margens de lucro decrescerem
pois os consumidores também se tornaram mais exigentes ao longo desta década que passou.
Com os consumidores mais informados e menos tolerantes a erros, deslizes
custam caro, ineficiência pode significar a perda definitiva dos clientes reais e
potenciais.
Estes fatos vêm impondo a urgência de meios e soluções para cortes de
custo e busca de lucratividade ao tempo que exige a criação de laços de relacionamento
com os consumidores.
Quando ocorre uma revolução seja ela tecnológica ou de qualquer outra
ordem - e não me refiro necessariamente a aquelas estrondosas e vistas a olhos nus, na
maioria das vezes é sutil e quase imperceptível - isto muda toda a lógica do jogo.
Observe o seguinte exemplo:
Suponha uma pequena cidade com apenas duas lojas de conserto de pneu. Sob o
carro com o macaco, o borracheiro pula em cima da chave para soltar a roda, briga com
parafusos espanados e duas horas depois seu carro tem o pneu trocado e alinhado (quase
artesanalmente) ao custo de 100 reais. Um belo dia o concorrente investe em equipamentos
mais modernos, consegue te entregar seu carro em menos de 40 minutos e cobra 60 reais.
Pronto, mudou-se toda a lógica de funcionamento, mudou-se toda a forma de competir e
atender os clientes. Da noite para o dia. O pobre jacaré vai ter que ser
aposentado, pois os consumidores agora não querem mais esperar duas horas e ainda pagar
100 reais. Resultado: acabou o equilíbrio e igualdade entre os concorrentes, que antes
disputavam os clientes através dos descontos. Acabou-se aquele sujeito pulando em cima da
chave de rodas para soltar o pneu. Para que lugar vão agora os borracheiros, antes
tinha-se 10 e agora, quantos vão ficar?
Por isto que o conceito de empregabilidade vem ganhando corpo, afinal hoje você pode ser
um e ter diferencial, amanhã, quase que por forças ocultas somos mais um em
um milhão, e nos vemos obrigados a correr para tentar reconquistar o espaço perdido.
Luta esta para recuperar o espaço perdido muitas vezes
ingrata e inglória, no qual o resultado pode ser um fruto amargo e espinhoso de deglutir:
o desemprego.
Adiante reclamar?
Adianta praguejar?
A mesma coisa acontece nas empresas. Praticamente todos os dias macacos e
chaves de roda têm que ser aposentados.
Preste atenção em alguns detalhes que são fundamentais para o ganho de
empregabilidade:
1. Saia da zona de comodidade.
2. Estude, estude, estude. Leia, leia, leia. Só
quem se dedica a buscar e aplicar novos conhecimentos é que pode se dar ao luxo de dizer
que esta fazendo algo por si.
3. Valorize, festeje cada vitória.Valorize mais
ainda cada derrota, além de seqüelas, elas também nos deixam valiosos ensinamentos.
4. Dê atenção a sua família e aos amigos.
Reserve-se o direito de ter um dia bom, um dia de tranqüilidade, e saiba aproveita-lo.
5. Veja o mundo com outros olhos, mas procure
levantar a cabeça e ver o que acontece ao redor, não necessariamente apenas em sua área
de atividade.
6. Busque uma atividade de lazer, tenha um hobby
saudável e produtivo. Que venha a te fazer uma pessoa melhor.
7. Trabalhe por prazer e não por obrigação.
Tenha o objetivo de construir algo em sua vida, para poder morrer com a certeza de que
não foi mais um entre tantos.
Lembre-se:
Sucesso e fracasso são uma questão de hábito. E segundo um ditado chinês o
plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória.
setembro/2003
Fábio Luciano Violin,
Mestre em Estratégias e Organizações - UFPR
Especialista em Planejamento e Gerenciamento Estratégico - PUC-PR
Professor universitário, palestrante e consultor de empresas.
flviolin@hotmail.com
ou flviolin@terra.com.br
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