Os Desafios da Logística na Amazônia
Costuma-se dizer que o
problema da Região Amazônica não é de logística e sim de falta de infra-estrutura
para o atendimento da região. Se o estado das rodovias, ferrovias e hidrovias brasileiras
é precário ou tem o seu potencial sub-utilizado, na região norte do País a situação
é ainda mais grave. O maior exemplo disso talvez seja o da Transamazônica, que deveria
construir o milagre brasileiro mas hoje é o pesadelo de produtores que dependem dessa
estrada para escoar sua produção.
Isso sem citar a BR 163 (rodovia que interliga o leste do Pará à Cuiabá,
no Mato Grosso) que reduziria consideravelmente os custos com a exportação da soja
brasileira para a Europa, além de desafogar o tráfego da rodovia Belém Brasília (rota
utilizada atualmente para todo o transporte rodo-fluvial da região). Para se ter uma
dimensão das perdas ocasionadas pela falta de infra-estrutura, hoje a soja produzida em
Mato Grosso tem de viajar 13.232 quilômetros até chegar a Rotherdam (o maior porto da
Holanda e canal de entrada dos nossos produtos na Europa) via porto de Santos. Se essa
mesma produção fosse escoada pelo porte de Santana, no Amapá, via BR 163, a distância
percorrida seria de 8.584 quilômetros. Ou seja, uma economia de 65% no percurso de
viagem.
Fica claro, portanto, o quanto essas deficiências afetam a competitividade das empresas
instaladas na região em comparação com as localizadas em outros estados. Enquanto no
sul e sudeste as empresas já passaram a trabalhar com estoque mínimo, que em muitos
casos não ultrapassa sete dias, na Amazônia o estoque médio das empresas é de 22 dias,
ocasionando um aumento nos custos na ordem de R$ 40 bilhões ao ano, segundo estudos da
Associação Paraense de Supermercados (ASPAS).
Se por um lado há excesso de certas mercadorias, por outro há a falta de
oferta de determinados produtos, os chamados pontos de ruptura. Significa que fabricantes,
atacadistas, distribuidores e varejistas perdem vendas a cada vez que o consumidor não
encontra o produto que pretendia adquirir no momento da compra. Segundo levantamento
realizado na região nos mais diversos ramos, as rupturas são responsáveis por até 40%
das perdas no faturamento das empresas.
É claro que a solução para os problemas de infra-estrutura passam pelo
âmbito governamental. Tanto as instâncias estaduais quanto federais precisam fazer a sua
parte, investindo na manutenção e conclusão de rodovias, além de elaborar um plano de
utilização do grande potencial hídrico da região, contribuindo para reduzir custos e
agilizar o tráfego de produtos na região.
Porém, o setor privado não pode ficar de braços cruzados, esperando os
investimentos do governo para tomar uma atitude. É preciso tomar a iniciativa, buscando
alternativas para reduzir os problemas e descobrindo novas oportunidades de negócios.
Nesse aspecto, a logística passa a ser fundamental para unir fornecedores e clientes em
busca de soluções que minimizem custos, aumentem a produtividade, a eficiência e a
satisfação dos consumidores da região.
Nesse enfoque, a logística deixa de ser o problema para se transformar em
solução para os problemas estruturais da região norte.
outubro/2.003
Lorenzo Mangabeira,
Gerente de negócios da Kom International / ABGroup.
O ABGroup - Desenvolvimento de Negócios (antiga ABPL) é formado pelas seguintes
empresas:
Kom International, Logsys, Logcom e Channels.
www.abgroup.com.br
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