Qualquer pessoa, como consumidor, tem claro o que
espera dos produtos que compra: querem produtos que cada dia atendam melhor às suas
necessidades, os querem quando necessitam, a um preço adequado e com altos níveis de
qualidade. Clientes cada vez melhor informados e mais exigentes estão provocando a
mudança dos mercados e consumo e, com eles, como um efeito dominó, de todos os demais
mercados industriais e de serviços.
Além disso, outro fator chave explica esta evolução: a modernização dos meios de
transporte e o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação estão permitindo a
real globalização da economia. Esta evolução na fabricação está mudando os mercados
para um ambiente caracterizado para:
A CADEIA LOGÍSTICA
A cadeia logística é o canal de movimento do produto ao longo do
processo industrial até os clientes. mas pode-se dizer simplesmente que é a sucessão de
manuseios, movimentações e armazenagens pelas quais o produto passa desde que é
matéria-prima, conjuntos semi-elaborados, até chegar ao cliente final. A cadeia
logística pode ser dividida em três partes:
1. Suprimentos, que gerencia a
matéria-prima e os componentes. Compreende o pedido ao fornecedor, o transporte, a
armazenagem e a distribuição.
2. Produção, que administra o estoque do produto
semi-acabado no processo de fabricação. Compreende o fluxo de materiais dentro da
fábrica, os armazéns intermediários, o abastecimento do posto de trabalho e a
expedição do produto acabado.
3. Distribuição, que administra a demanda do cliente e os canais
de distribuição. Compreende o estoque do produto acabado, a armazenagem, o transporte e
a entrega ao cliente.
A quantidade de produtos desta cadeia depende em grande
parte da quantidade de manuseios que sofrem os materiais, das distâncias que percorrem (e
o tempo que tardam em percorrê-las) e do nível de estoque que existe nos armazéns. Esta
quantidade de material pode ser medida de duas formas:
Em dinheiro - o custo monetário de todo material que chega no canal.
Isto nos diz quanto capital está imobilizado em forma de estoque.
Em tempo (lead time) - tempo em que uma unidade de material levaria para
percorrer todo o canal desde que entra até sair. Este parâmetro nos diz qual é a nossa
distância ao cliente em tempo para poder reagir ante a novas demandas de mercado.
MUDANÇAS NA ESTRATÉGIA LOGÍSTICA
Na atualidade, as estratégias logísticas estão evoluindo com grande rapidez. São
vários os fatores que facilitam e contribuem a esta mudança. Entre os mais relevantes
estão:
Profissionalização e Especialização: a gestão logística se
considera como uma fonte importante de oportunidades competitivas e se destinam recursos a
ela. A visão tradicional da mera gestão burocrática de estoques, armazéns e transporte
está em vias de extinção.
Aparição de Empresas Especializadas: fruto
desta profissionalização da logística moderna, tem aparecido no mercado empresas
que oferecem serviços logísticos integrais: análise, projeto, implementação e
gerenciamento das necessidades logísticas da empresa. Com ela se abriu a possibilidade da
sub-contratação de toda ou parte da cadeia logística.
Aparição de Novos Modelos de Organização: há tempos tem se
introduzido uma mudança substancial nos conceitos logísticos a partir da teoria de que o
estoque é sempre sinal de problemas a serem resolvidos. As novas estratégias logísticas
são muitas e variadas, e dependem em grande parte, do setor industrial. Tentar abordá-lo
em apenas um artigo seria uma atitude um tanto ambiciosa, porém algumas das mais
importantes serão apresentadas para que ajudem a ilustrar estas mudanças que se estão
produzindo com grande rapidez nos últimos anos.
A GESTÃO DO FLUXO PUXADO
Este tipo de gestão da cadeia logística é uma das contribuições fundamentais do
Just-In-Time (JIT). A diferença fundamental entre o fluxo puxado (Kanban) e o fluxo
empurrado (MRP) está na forma de planificar a produção, as compras e os abastecimentos.
Como idéia geral pode-se dizer que a gestão no fluxo puxado se baseia em organizar a
produção a partir do que o cliente realmente tem consumido, não do que é previsto
consumir. Fluxo puxado é fabricar em função do consumo do cliente.
Aplicar o fluxo puxado a toda a cadeia logística não é um trabalho fácil, pois implica
uma interrelação estreita com os fornecedores e também com os clientes, o que não é
sempre possível. Porém, utilizada para gerenciar o fluxo interno, pode ser uma
ferramenta muito potente na redução do estoque em processo, sempre e quando vai unida a
uma transformação do sistema de produção em três aspectos fundamentais:
A TERCEIRIZAÇÃO
Muitas empresas utilizam a chamada teoria de valor, segundo a qual a
empresa deve concentrar seus esforços, recursos e inversões naquilo que agrega valor ao
que faz, ou seja, aquilo que somente ela pode fazer e que constitui uma vantagem
competitiva. Neste contexto, a terceirização está em moda, porém envolve certos riscos
se não implementá-la de um modo controlado. Antes de chegar a terceirização é
necessário ter passado pela criação de sistemas próprios que, uma vez funcionando,
podem ser externalizados. No que diz respeito à cadeia logística, atualmente, grande
parte da mesma está terceirizada: armazéns, transporte, distribuição do produto,
incluindo o fluxo interno e os abastecimentos aos postos de trabalho.
A TRANSFERÊNCIA DO ESTOQUE PARA O FORNECEDOR
Existem muitas formas de transferir o estoque para o fornecedor. Quando o fornecedor está
longe, e não pode adaptar-se à entrega em pequenos lotes, se utiliza, frequentemente, a
estratégia do estoque no depósito. O fornecedor deve depositar seu estoque em um
armazém próximo ao cliente ou muitas vezes dentro do próprio cliente. Este estoque é
considerado propriedade do fornecedor até que o cliente o consuma, momento no qual se
fatura. Esta estratégia tem unicamente benefícios financeiros para o cliente, já que o
estoque continua estando ali e com ele os problemas que acarreta.
Outra forma de deslocar o estoque é mediante a sub-contratação de sub-conjuntos
volumosos de fornecedores próximos. Desta maneira é o fornecedor que se encarrega da
gestão do estoque de sub-componentes e é ele que disponibiliza o espaço de armazém. Em
algumas ocasiões o provedor é também responsável pela compra destes sub-componentes,
em outras este material está consignado pelo cliente. Ambas estratégias podem ser usadas
com objetivos pontuais como economizar espaços na fábrica, mas geralmente não
solucionam o problema do estoque, somente o escondem.
CENTRALIZAÇÃO
Esta técnica afeta toda a cadeia de distribuição. Quando se têm muitos canais
distintos e se produz de forma específica para cada um deles, se é, obrigado a manter um
estoque específico para cada canal. Se a demanda deste canal flutua muito, podemos
encontrar, em um determinado momento, um sobre-estoque ou uma ruptura de estoque.
Se centralizarmos a demanda flutuante de vários canais, de modo geral, a demanda total é
muito mais estável. Aqui reside a vantagem de adiar operações: se fabrica uma
referência genérica e as particularizações se realizam no canal de distribuição, em
função da demanda real, no próprio armazém do produto determinado.
Estas e outras inúmeras estratégias logísticas estão fazendo com que as empresas
foquem ou prosperem na condução de seus negócios.
Luiz Roberto Palma da Fonseca,
Consultor da IMAM Consultoria Ltda., de São Paulo.
Tel. (0--11) 5575 1400 imam@imam.com.br
Esta página é parte integrante do www.guiadelogistica.com.br .