Um sistema de embalagem deve garantir a
proteção do produto, mantendo a sua qualidade desde sua fabricação até o seu uso pelo
consumidor e, simultaneamente, deve estar integrado em toda a cadeia logística, contendo
todas as informações necessárias para o recebimento, produção, manuseio, armazenagem
e transporte, cumprindo, assim, as funções básicas de contenção, proteção e
informação.
Alguns pontos importantes a serem considerados em um projeto de embalagem:
EQUIPE:
Reunir profissionais qualificados e criativos com conhecimento dos diversos materiais e
processos de fabricação de embalagens disponíveis no mercado.
CONHECIMENTO DO PRODUTO:
Relacionar características físicas e químicas (dimensões, volume, peso, densidade,
resistência, composição, etc.), cuidados no manuseio, transporte e armazenagem
(controle de umidade e calor, periculosidade, fragilidade, posicionamento, etc.), preço e
outras informações que possam auxiliar na busca de soluções técnico-econômicas,
estudando alternativas de materiais e formas de embalar.
PESQUISA:
Obter opinião dos clientes, se as embalagens protegem os produtos, facilitam o manuseio,
aproveitam o espaço no armazém e se os múltiplos de venda são ideais, com o intuito de
agilizar o fluxo de materiais na cadeia de abastecimento, para que possamos tornar mais
eficiente o sistema logístico, conhecendo também o mercado consumidor, bem como sua
localização e o desempenho dos concorrentes.
FORNECEDORES:
Desenvolvimento de fornecedores que possam assegurar o fornecimento e a demanda.
AMOSTRAS:
Confecção de protótipos para a realização de testes de embalagem.
ENSAIOS:
Realização de ensaios de laboratório de Queda, Compressão e Vibração, com o objetivo
de obter parâmetros que possam nos auxiliar no projeto construtivo das embalagens, visto
que os ensaios acima procuram simular a dura vida da embalagem, que começa depois que ela
sai da empresa.
INTEGRAÇÃO:
Estudo das várias etapas do fluxo da embalagem, com o objetivo de não causar impacto na
cadeia logística, procurando o melhor aproveitamento volumétrico dos produtos nas
embalagens, nas caixas de despacho, nos paletes de movimentação, nas prateleiras do
armazém e nos veículos de carga.
IMPRESSÃO:
Diagramação das informações da empresa, do produto, dos cuidados de movimentação e
armazenagem, aspectos tributários e legais e dos apelos de venda.
ESPECIFICAÇÃO:
Elaboração de desenhos técnicos, constando as características dos materiais e processo
de fabricação, que permitam consulta de preços em diferentes fornecedores e o controle
de qualidade no recebimento das embalagens projetadas.
INSTRUÇÃO DE TRABALHO:
Criar método de empacotamento para facilitar e padronizar as tarefas de colocar o produto
nas embalagens, nas caixas de despacho e nos paletes de movimentação.
MEIOS DE MOVIMENTAÇÃO:
As embalagens devem estar adaptadas aos equipamentos de movimentação e armazenagem e
otimizadas para os meios de transporte escolhidos.
LOTE PILOTO:
Comprovação da eficácia do sistema de embalagem, através da montagem e dos testes de
transporte práticos (movimentação com equipamentos, transporte externo e empilhamento)
com as embalagens finais projetadas, podendo também ser realizados ensaios de
laboratório sequenciais (queda + compressão + vibração), com o objetivo de
certificação internacional do produto e embalagem, o que pode ser um fator diferenciador
nas negociações.
APROVAÇÃO DA QUALIDADE:
Realização de relatórios, em conjunto com profissional de qualidade, com o registro de
ocorrências de avarias críticas ou não, nos testes de transporte prático e execução
de Plano de Ação para manutenção e implantação do novo sistema de embalagem ou para
realização de novos testes, no caso de avarias consideradas críticas, que reprovaram a
embalagem.
CONTROLE:
Cada empresa deve ter sempre um controle da porcentagem que a embalagem significa sobre o
valor de venda ou de custo do produto. Para assegurar a conformidade com os requisitos
especificados, devemos controlar os processos de embalagem, acondicionamento e marcação
(inclusive os materiais utilizados) na extensão necessária (NBR ISO 9001: 1994, item
4.15.4 Embalagem).
Um projeto de embalagem, onde a escolha das suas características, como forma, tipo,
material, etc., obedece aos critérios citados durante as fases de desenvolvimento e
aprovação certamente deverá apresentar um custo adequado. Contudo, a falta de
critérios para escolha de embalagem para novos produtos tem causado perdas e devoluções
de produto, com custos passíveis de serem mensuráveis. Aliado a isto também ocorrem
perdas incalculáveis e desastrosas, como perda da imagem de uma empresa, o que pode
inviabilizar a venda de um produto ou a sua própria sobrevivência no mercado.
É muito difícil as empresas manterem profissionais especializados em projetos de
embalagem, pois uma vez definida, não tem muito mais o que fazer com esses profissionais,
principalmente se for uma pequena ou média empresa. Daí a necessidade dessas empresas
buscarem uma consultoria/assessoria externa, pois são mais eficientes e podem trazer
soluções técnica/econômicas expressivas.
Desta forma, vale a pena investir no adequado desenvolvimento de uma embalagem industrial,
para não incorrer em perdas futuras.
Roberto Bressane Cruz Filho,
Consultor da IMAM Consultoria Ltda., de São Paulo.
Tel. (0--11) 5575 1400 imam@imam.com.br
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