Entender e saber o que se
passa em outros países e continentes é importante para que possamos dispor de dados e
fatos para analisarmos possíveis tendências ou desdobramentos para o mercado brasileiro,
e conseqüentemente, para nossas empresas. Por isso, neste artigo, faremos uma rápida
viagem aos mercados logísticos dos Estados Unidos, Europa Ocidental e Ásia. Muitas
coisas que ali estão acontecendo, seguramente serão replicadas para o Brasil, e estar
devidamente preparado para isso, poderá ser um diferencial de competitividade para a sua
empresa.
Overview Mundial
Os custos logísticos em todo o mundo somam aproximadamente US$ 3,2
trilhões, equivalentes a 11% do PIB mundial. A América do Norte responde por US$ 1,137
trilhão, seguida pela Europa com US$ 870 bilhões, Ásia com US$ 824 bilhões, América
do Sul com US$ 220 bilhões, África com US$ 77 bilhões, Oceania com US$ 63 bilhões e
América Central com US$ 15 bilhões.
Menos de 5 % disso está terceirizado com Operadores Logísticos, portanto,
atuar neste mercado, gerará grandes negócios.
A maior empresa de logística do mundo é a UPS United Parcel
Service, fundada em 1.907, com sede em Atlanta, Geórgia. Ela faturou em 2003, US$ 33,5
bilhões e teve um lucro de US$ 2,9 bilhões. Seu valor de mercado é de US$ 72 bilhões,
ou seja, mais do que duas vezes superior à sua venda.
A empresa tem 355.000 funcionários em todo o mundo, e uma frota terrestre
de aproximadamente 150.000 veículos e 600 aviões entre próprios e contratados. Em 2003
entregou mais de 3 bilhões de pacotes e documentos em mais de 200 países.
Estados Unidos
Os Estados Unidos têm custos logísticos de US$ 1,006 trilhão,
equivalentes a 9 % do PIB. Nos últimos 20 anos esse índice baixou de 16 % do PIB para os
atuais 9 %.
Existem aproximadamente 5.000 empresas de logística ou relacionadas a
logística nos Estados Unidos.
Os Estados Unidos são o terceiro maior produtor de caminhões do mundo,
atrás apenas do Japão e da China. Têm a maior frota mundial de veículos, com mais de
220 milhões, entre carros de passeio, utilitários e caminhões. A relação habitantes
por veículo é de 1,2, contra 8,8 no Brasil.
O faturamento dos Operadores Logísticos em 2003 foi de US$ 77 bilhões, um
crescimento de 18 % em relação a 2002. É um mercado bastante fragmentado; 75 % do
faturamento está concentrado nas mãos de pequenas e médias empresas de logística. Os
top 50 representam US$ 27 bilhões desse mercado.
Segundo a consultoria CapGemini, as empresas norte-americanas gastam 43 %
de seu orçamento destinado à área de logística com provedores de serviços logísticos
e estima-se que esse número chegue a 60 % nos próximos anos. 73 % das 100 maiores
empresas relacionadas pela Fortune estão utilizando provedores de serviços logísticos;
entre as 500 maiores esse índice é de 44 %. Em função dessa saturação entre as
maiores empresas, os grandes Operadores Logísticos estão buscando agora os Clientes de
porte médio.
O crescimento das vendas dos Operadores Logísticos tem sido focado nos
Clientes atuais e não em novos Clientes. Entre os 20 maiores Operadores Logísticos dos
Estados Unidos, 60 % do aumento das vendas veio dos Clientes atuais.
Entre os 5 serviços mais utilizados, segundo pesquisa realizada pela
consultoria Accenture e pela Northeastern University, estão: auditoria e pagamento de
fretes, consolidação de embarques, serviços de transporte, despachos aduaneiros e
gestão de armazéns.
O mercado ainda vive um processo de consolidação, agora em ritmo mais
lento, mas ainda são previstas muitas fusões e aquisições. Poucas negociações
relevantes, as chamadas blockbusters deals, deverão ocorrer. Grandes investidores,
empresas estrangeiras, empresas locais com faturamento anual acima de US$ 200 milhões e
freight forwarders baseados em ativos são os grandes compradores, e estão pagando de 4 a
8 vezes o lucro operacional das empresas em suas aquisições. O foco tem sido as empresa
NÃO baseadas em ativos.
Entre as gigantescas empresas norte-americanas como UPS, Fedex, Ryder,
Penske, EGL, Expeditors, McLane e etc, se destacam duas empresas européias, a Exel e a
Danzas.
Europa Ocidental
A Europa Ocidental tem custos logísticos de aproximadamente US$ 160
bilhões. 25 % estão terceirizados nas mãos de Operadores Logísticos, que em 2003
faturaram US$ 40 bilhões.
Segundo a consultoria CapGemini, as empresas européias gastam 51 % de seu
orçamento destinado à área de logística com provedores de serviços logísticos e
estima-se que esse número chegue a 74 % nos próximos anos, o mais alto em todo o mundo.
É um mercado também bastante fragmentado, e as decisões do Cliente são
baseadas em preço.
O mercado tem passado por um processo de consolidação muito forte e
muitas fusões, aquisições e alianças entre empresas estão acontecendo. Alguns
embarcadores e distribuidores estão criando seus PRÓPRIOS Operadores Logísticos.
As indústrias estão percebendo a necessidade e as vantagens de
terceirizar a gestão de todo o processo logístico com uma única entidade para uma maior
visibilidade e otimização da cadeia de materiais, criando oportunidades para empresas
que querem atuar como 4PLs ou Leading Logistics Provider. Os embarcadores querem
lidar com poucos provedores logísticos, exigindo de seus fornecedores que invistam ou que
desenvolvam parcerias com outras empresas.
As novas oportunidades com a extensão da União Européia a países da
Europa Oriental e Central, estão exigindo dos provedores de serviços logísticos fortes
competências na gestão e operação da logística global.
Os maiores Operadores Logísticos da Europa atualmente são: Danzas,
Schenker, Exel, Geodis e Kuehne-Nagel.
Ásia
Especialistas estimam que situação atual do mercado é equivalente à do
mercado norte americano há 10 anos atrás, existindo muitas pequenas e médias empresas,
especializadas em determinados nichos de mercado com atuação geográfica restrita, e
excelente relacionamento com os atuais clientes.
Os principais mercados são China, Hong Kong, Japão, Cingapura, Taiwan e
Coréia do Sul. Com exceção da China, estes mercados apresentam forte infra-estrutura
tecnológica e sistemas financeiros.
Países como Indonésia, Camboja, Vietnã e Tailândia ainda vivem na
infância dos conceitos de gestão da logística, porém são vistos como
potenciais mercados para os grandes Operadores Logísticos.
A estimativa de mercado para serviços de gestão da cadeia de materiais
gira em torno de US$ 3,0 bilhões em 2006.
Os provedores logísticos em destaque na região são UPS, Danzas DHL,
Fedex, Kuehne-Nagel, Exel, APL Logistics, Bax Global, Maersk Logistics e Schenker.
Existem dificuldades em encontrar mão-de-obra qualificada; apenas
recentemente as Universidades começaram a oferecer a matéria logística em seus
programas.
Poucas empresas têm, em seu quadro, executivos seniores em logística.
O caso particular da China
Com a chegada dos grandes Operadores Logísticos internacionais muitos
freight forwarders e empresas de transporte locais passaram a utilizar a palavra
logística em seus negócios. A palavra logística é a palavra da
moda na comunidade de negócios chinesa.
O mercado de Operadores Logísticos na China é gigantesco e está em seu
estágio inicial de desenvolvimento. Em 2.003 o mercado já terceirizado era estimado em
US$ 7,5 bilhões. Na China, os custos logísticos representam algo entre 16% e 20% de seu
PIB (US$ 4 trilhões), estando menos de 10% disso terceirizado.
Nos últimos 3 anos, 70 % dos provedores de serviços logísticos tiveram
vendas superiores a 30%. Nos próximos anos espera-se um crescimento médio de 25%.
O mercado é muito fragmentado; nenhum provedor logístico tem um market
share superior a 2%. Cerca de 77% das empresas faturam menos de US$ 25 MM ao ano.
85 % das vendas são provenientes de serviços básicos como transporte e
armazenagem e 80% da venda de serviços logísticos está concentrada na região do delta
do Rio Yangtse e Pearl.
Matriz de transporte chinesa: 76,8% rodoviário, 12,7% ferroviário, 8,9%
aquaviário, 0,01% aéreo e 1,6% dutoviário.
A demanda por serviços logísticos por parte das empresas multinacionais
é muito diferente daquela solicitada pelas empresas chinesas. 69% das multinacionais
terceirizaram seus serviços logísticos enquanto que entre os embarcadores chineses esse
índice é de 16%. A atuação dos Operadores Logísticos internacionais se limita aos
clientes multinacionais na tentativa de oferecer uma solução global; 98% da receita vem
de clientes globais e apenas 2% de clientes locais.
Empresas de destaque na região: Danzas e Exel como freight forwarders,
Maersk, APL, P&O, OOCL no transporte de contêineres e DHL, Fedex, UPS e TNT no
transporte expresso de cargas fracionadas e documentos.
Os principais problemas encontrados pelos grandes 3PLs são as restrições
governamentais, falta de pessoal qualificado, a ambigüidade nas políticas governamentais
e as expectativas irreais dos Clientes.
Iniciativas do Governo estão estimulando o desenvolvimento da indústria
de Operadores Logísticos na China, porém as mudanças serão lentas dada a grande
competição e necessidade de investimentos.
maio/2004
Marco Antonio Oliveira Neves,
Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda.
marcoantonio@tigerlog.com.br
www.tigerlog.com.br
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