Consórcios de exportação incentivados por regimes aduaneiros especiais
Nunca se
falou escreveu ou se leu tanto sobre o tema exportação como nos dias atuais, e não é
para menos, no contexto em que está inserida a economia brasileira, cada vez mais
dependente de capital externo, ficando à mercê de investimentos e créditos
internacionais, o que faz suas contas externas crescerem pressionando o dólar que
pressiona os preços, que torna o país mais e mais dependente de capital externo, o
governo indica a solução apontando para a exportação como saída, permitindo a venda
de tecnologia nacional, em crescente demanda, o que faria entrar interessantes e
necessárias divisas ao país.
Existe uma crescente oferta à exportação, mas das poucas empresas que
investiram no setor, empresas estas que na sua maioria são uma extensão de grandes
corporações já acostumadas ao comércio internacional, ou que representam tais
companhias no Brasil ou ainda possuem licença para revender ou mesmo fabricar produtos
dentro do território nacional, claro que utilizando as tecnologias estrangeiras,
permitindo o envio de royalties, por exemplo, que agrava o desequilíbrio da balança, e o
ciclo começa novamente. O que é mais impressionante e difícil de acreditar é tais
empresas, além de tudo isso, ainda são beneficiadas por estarem situadas no território
nacional recebem os mesmos incentivos que as empresas genuinamente brasileiras, empresas
estas que utilizam fartamente os incentivos e os financiamentos à exportação, o detalhe
é que raramente precisariam deles, em contrapartida os micro e pequenos empresários que
seriam altamente dependentes de tais incentivos e financiamentos à exportação, estes ao
contrário daqueles raramente os recebem.
E por se falar em micro e pequeno empresários, a participação destes no
comércio exterior brasileiro na exportação, é de pouco mais de 2%, apenas, segundo
estatísticas do SEBRAE. Este número está muito distante do que a participação dos
micro empresários italianos para a sua economia, que é um percentual de aproximadamente
de 54%, e mais o número da participação de empresários brasileiros fica muito mais
distante quando a comparação é feita com os dados que são provenientes dos Estados
Unidos e que chegam à marca impressionante de 64%.
Baseados neste contexto e nos número que vimos, cabe aqui neste espaço um
convite à reflexão, ou uma sugestão como queiram, o governo necessita de dirigir a sua
atenção aos consórcios de exportação, os setores, em nível nacional, que já estão
envolvidos em projetos de exportação ou na formação de consórcios, após isso podem
sofrer uma análise prévia de todos os segmentos, define-se quais necessitam de apoio,
quais são as deficiências daquele ramo específico e, principalmente, qual o seu
potencial exportador, depois disso poderia partir para a formação dos consórcios,
contemplando grupos menores de empresas. A grande participação no governo neste
item seria a tratativa de aspectos técnicos da legislação aduaneira, principalmente no
que diz respeito a regimes aduaneiros especiais e atípicos, e dentro deste item da
legislação os incentivos à exportação. Ocorre que tais incentivos como, só para
citar exemplos RECOF, e LINHA AZUL, são autorizados apenas para grandes importadores e
exportadores com grande atuação no comércio exterior e que faturam milhões de reais
por ano, devemos mostrar as vantagens que o país terá ao permitir tais incentivos aos
micro e pequenos empresários baseados na experiência italiana e mais recentemente no
modelo americano, a preocupação latente de pequenos empresários em melhorar a
performance dos seus processos o que daria-lhes maiores possibilidades de competitividade,
com maior qualidade em seus produtos, ficando aptos a atuar principalmente no mercado
externo em razão dos incentivos do governo, nos setores dos mais variados da economia
brasileira., aumentando a competitividade, e tendo condições de melhorar seus produtos e
processos e penetrar no mercado externo.
A realidade brasileira em curto e médio prazo não mudará, pois está claro que para
estruturar tudo, deverá demorar entre cinco e sete anos talvez mais, porém é algo
inevitável, a cultura exportadora dos empresários deverá mudar. O governo tem papel
fundamental nestas mudanças, nosso ensino deverá abordar estes assuntos no decorrer dos
anos de formação e isso deverá ser normal aos jovens quando estiverem iniciando sua
vida no trabalho, no início será um investimento altíssimo, mas com grandes
possibilidades de gerar excelentes resultados nos próximos dez anos.
Abre-se, neste momento, uma discussão de como tais incentivos, geralmente
praticados e estudados por profissionais e acadêmicos do Comércio Exterior, e mais
recentemente, visto com olhos atentos pelo governo, poderiam e podem ajudar a criar uma
cultura exportadora nova com idéias e possibilidades inovadoras, como por exemplo os
Consórcios de Exportação, que nada mais são de que uma junção de empresários que
possuem a mesma visão do problema e que unidos ganhariam mais força nas suas
negociações com o governo que certamente investirá nisso pois não seria um
investimento às escuras e sim um investimento com retorno rápido, seguro e extremamente
vantajoso para a economia do país. Este artigo tem a pretensão de iniciar tal discussão
inclusive já indicando os primeiros tópicos da discussão. Verificar quais a
possibilidades de implantação imediata que o governo possui, para incentivar os pequenos
e médios empresários utilizando ferramentas disponíveis. Promover discussões em
entidades de classe, sindicatos, associações, federações e confederações sobre os
consórcios, e mais especificamente sobre os incentivos.
A formação de consórcio de exportação utilizando como incentivos, os
regimes aduaneiros especiais, seminários e cursos gratuitos aos integrantes dos
consórcios com vistas à formação de uma nova cultura exportadora, seriam uma grande
ajuda que o governo daria a esses empreendedores, que ousariam sair na dianteira deste
grande negócio para eles próprios, mas que traria grandes benesses ao governo e ao povo
brasileiro.
junho/2.004
Ronderley Miguel Netto,
Consultor de Comércio Exterior do Grupo Procwork, Professor do curso de Extensão de
Comércio Exterior e Logística Internacional, do LALT/UNICAMP, com habilitação em
Comércio Exterior.(UNIP), Mestrando em Engenharia de Transportes (Unicamp), Pesquisador
do LALT( Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes - UNICAMP).
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