RESUMO: O
transporte internacional utiliza-se de praticamente todas as características da
logística, de forma a possibilitar que as mercadorias produzidas em um determinado país
sejam utilizadas em vários outros, no tempo certo, na quantidade requerida, com as
condições determinadas pelos clientes e no tempo que eles a procurem. A melhor forma de
se utilizar o transporte internacional, proporcionando segurança, rapidez, garantia de
qualidade do produto transportado e principalmente as formas de minimizar o custo de
transporte, é o escopo deste artigo. Utilizando o envio de calçados rústicos como
material básico de análise, o artigo discorre sobre a melhor forma de ovar contêineres,
demonstrando de forma prática e clara os cálculos necessários para tanto. É
apresentado um pequeno histórico sobre o transporte internacional, sempre no intuito de
subsidiar o interesse básico do artigo, qual seja, demonstrar que existem condições
claras de se utilizar corretamente os princípios logísticos para se conseguir vantagens
diretas e indiretas nos procedimentos de transporte de exportação.
Palavras-chave: unitização transporte internacional
contêiner ova e desova
1. TRANSPORTANDO DE
FORMA FÁCIL
O transporte internacional de longo percurso está sendo utilizado com
freqüência, devido ao aumento das exportações. Ele pode tanto ser por meio
rodoviário, como por marítimo, ferroviário ou aéreo. As exportações para
outros continentes, na sua maioria são feitas por meio marítimo, pois é mais cômodo,
seguro e viável, tanto para quem importa como para quem exporta. Esse modal permite ainda
que, a mercadoria seja levada em container, fazendo com que a carga do navio tenha um
maior aproveitamento e a mercadoria viaje com maior segurança.
Conforme Keedi (2000), o container nada mais é que uma caixa
inviolável, podendo ser fabricado em madeira, alumínio e aço. Para a exportação
pelos portos da Região Sul do Brasil, é mais comum utilizar o de aço, já que nessa
região a maresia é um dos itens que deve ser levado em conta e o aço torna-se
resistente sem ser muito oneroso como o alumínio e sem se decompor facilmente como o
container de madeira. Uma vez carregado, só será aberto no seu destino, o que garante a
entrega sem transtornos e proporciona outras vantagens diretas, que serão comentadas
durante este artigo.
Os containeres têm suas medidas em pés ou
polegadas, sendo padronizados nas medidas de 20e 40. As medidas
têm origem inglesa, devido principalmente ao grande desenvolvimento naval que esta
nação teve ao longo do tempo. Como durante um longo período os ingleses foram os
maiores transportadores marítimos mundiais, a terminologia por eles adotada acabou sendo
utilizada por quase todos os países. Na atualidade, além das medidas inglesas, os
contêineres já são identificados pelo sistema métrico-decimal, apresentando as duas
classificações para facilitar o transporte. Devido a essa padronização, eles são
muito utilizados, pois conseguem promover maior agilidade na ova e desova da mercadoria,
maior segurança para a carga e mais praticidade no transporte.
O termo ova de container significa o procedimento de carregar,
de encher o container com carga, e o termo desova significa proceder a
descarga, a retirada da mercadoria transportada. Uma terminologia também muito utilizada
no transporte internacional, que pode aparecer como sinônimo para ova é
estufar, que possui o mesmo significado. O transporte internacional de cargas
unitizadas está sendo cada vez mais usado junto com os containeres, afinal agiliza o
escoamento rápido e preciso das cargas, melhorando a velocidade de atendimento aos
clientes.
Segundo Vieira (2003), a conteinerização, apresenta vantagens como
a maior rapidez, a entrega segura, os fretes oceânicos mais baratos e a adequação dos
containeres facilitando o transporte porta a porta.
Estas vantagens descritas por Vieira são um dos principais motivos que
levam os empresários a optarem pela unitização do transporte através da utilização
dos contêineres. O Brasil se utiliza dos contêineres há bastante tempo e tem amplas
condições de aproveitar ainda melhor este equipamento de auxílio ao transporte
internacional.
Atualmente a unitização das cargas tem sido utilizada para agrupar
vários volumes em um volume único, em cima de pallets e envolto com filme chamado
stretch, com o intuito de proporcionar maior agilidade e segurança na carga e descarga. O
stretch é um filme plástico, comercializado em grandes rolos, que envolve as cargas com
o intuito inicial de unitizá-las. Como acessório, o stretch impermeabiliza a carga, e
garante uma maior segurança, pois torna-se mais uma embalagem secundária a ser colocada
na carga, diminuindo a chance de roubo de unidades transportadas.
Após serem tomadas essas providências, a carga paletizada é posta dentro
do container. A unitização e o uso do container favorecem a minimização do custo do
seguro marítimo, uma vez que aumenta a dificuldade de misturar ou danificar a carga,
tanto no transporte como na sua manipulação. Esta é uma das maiores vantagens, já que
o seguro de transporte internacional é um dos itens que mais oneram a logística de
exportação. Com a utilização dos contêineres, este custo é minimizado com grande
repercussão no valor final da mercadoria a ser entregue.
De acordo com Keedi e Mendonça (2000):
Toda compra e venda de mercadoria no mercado internacional implica na
definição de um ponto de entrega e recebimento, portanto de um local onde ocorre à
divisão de riscos e custos entre vendedor e comprador (KEEDI e MENDONÇA, 2000, p. 46).
Para ocorrer esse entendimento foi estabelecido um conjunto de normas
internacionais que define os direitos e obrigações dos compradores e dos vendedores no
contrato de venda e de transporte, a esse conjunto é dado o nome de incoterms.
Em uma análise bem simplista, podemos considerar os incoterms em um total
de 13, sendo que para a exportação marítima os mais utilizados são CFR ou CIF. O
incoterms CFR, determina que além da responsabilidade pela contratação do transporte, o
exportador assumirá as despesas com o pagamento do frete internacional e demais custos
que ocorrerão para levar a mercadoria até o porto de destino designado. O incoterms CIF,
estabelece para o exportador as mesmas condições da modalidade CFR, porém adiciona a
obrigação de contratar e pagar o seguro referente ao transporte internacional. É claro
que os incoterms são bem mais complexos do que o exposto acima, mas como este artigo
destina-se a comparar as vantagens de utilização de uma boa estrutura de ovar os
contêineres, tal explicação visa somente situar os leitores no que vem a ser os
incoterms.
Além dos incoterms que identificam as responsabilidades e os custos,
existem os locais e as responsabilidades de ova e desova. A modalidade FCL/LCL implica na
responsabilidade do vendedor pela ova e do comprador pela desova. Os locais são
identificados como house (h) domicílio do comerciante e pier (p) porto, permitindo
composições entre eles. Os navios que transportam os containeres são chamados de
porta-container, e são apropriados para esse tipo de transporte.
Antes de escolher um container é necessário verificar qual o melhor tamanho e a melhor
capacidade a ser utilizado, que varia de acordo com o produto. Os containeres de 20,
normalmente são utilizados para cargas mais pesadas como metais e ferros, pois, sua
capacidade de peso é mais adequada. Já os containeres de 40, são mais adequados
para cargas mais leves e volumosas.
De acordo com Keedi e Mendonça (2000):
Em princípio, praticamente qualquer mercadoria é conteinerizavel e a sua
conteinerização depende de diversos fatores como custo, destino, rapidez nas
operações, disponibilidade de transporte e equipamentos, tamanho e peso do produto,
aceitação pelo comprador, etc (KEEDI e MENDONÇA, 2000, p. 73).
O contêiner pode ser estufado com qualquer tipo de carga, porém antes de
iniciar o processo é necessário realizar um estudo sobre a melhor forma de adequação
da carga. Estufar significa preencher os espaços dos containeres, que podem ser feitos de
várias maneiras. Além do estudo da adequação da carga, é essencial verificar também
a questão do peso. Deve existir um equilíbrio nos espaços ocupados para que não tenha
o problema de movimentação e com isso danificar os produtos, ou problemas de pesos mal
distribuídos.
O ideal na estufagem é deixar o contêiner totalmente ocupado, fazendo com
que não exista movimentação por causa de espaços vagos. Sem mencionar que não se
devem misturar mercadorias totalmente diferentes, por causa dos fatores físicos como
temperatura, umidade, etc. Este procedimento, aparentemente simples, quando não planejado
de forma correta, pode gerar prejuízos de grande monta para as empresas de comércio
exterior, pois a mercadoria pode ser danificada durante o percurso de entrega, sendo
necessária sua repatriação ou mesmo seu descarte, dependendo das condições que a
mesma se apresenta quando exposta a movimentações danosas ou não previstas.
A estufagem deve começar do piso, que depois de completo começa a subir
uniformemente, sempre obedecendo à ordem das caixas mais pesadas por baixo das mais
leves. A realização da estufagem pode ser tanto manual como por meio de empilhadeira e
paleteira, mas sempre levando em consideração o peso e a uniformidade da carga.
No caso de cargas perigosas, o container deve ser estufado por uma única
classe de produto e deve ter etiquetas identificando sua temperatura de combustão e o
grau de umidade seguindo as normas da IMO International Maritime Organization
(Organização Marítima Internacional). No caso de cargas com controle de temperatura,
deve ser estufada com temperatura ideal para viagem e seguir durante todo o percurso com
acompanhamento da temperatura ideal, sob risco de se perder as mercadorias caso aconteça
algum problema com as unidades de refrigeração utilizadas.
A utilização de pallets está crescendo porque facilita a ova e desova do
contêiner. Isso evita um custo oneroso devido à demora na manipulação de cargas soltas
e o risco de extravio de volumes.
A ocupação dos contêineres no caso de carga unitizadas, deve ocorrer
pelo espaço cúbico, levando em consideração as dimensões das cargas. Contêineres de
20 são mais indicados para cargas mais pesadas, pois tem um volume cúbico menor e
uma pesagem maior.
2. CASO PRÁTICO ANALISADO
Para a composição deste artigo foi analisado o envio de calçados
rústicos, tipo botina, para um país africano, com o propósito de demonstrar que o
cálculo correto de estufagem ou ova dos contêineres, pode gerar uma grande economia para
a empresa exportadora e ter reflexos diretos no próprio preço final da mercadoria
entregue.
Serão trabalhadas as questões de cubagem, que é a definição de quanto
do produto exportado é possível inserir em cada contêiner, de forma a minimizar o custo
de transporte por unidade transportada, já que o valor de aluguel do container é fixo
por container e não pelo peso ou peço espaço volumétrico utilizado, respeitando-se os
limites máximos de cada um, tanto em peso ou em volume.
A estufagem de caixas de calçados não seria viável para a medida de
contêiner de 20 porque é uma mercadoria extremamente volumosa e leve. Isso sem
mencionar que matematicamente haveria muitas sobras na sua estufagem o que comprometeria a
carga, possibilitando movimentos indesejados durante o percurso, o que poderia danificar
as caixas ou até mesmo os produtos.
Nos cálculos efetuados foram utilizadas as medidas das caixas, em seus
três tamanhos básicos, sendo elas diferenciadas somente na altura, com as medidas de
0,685 metros e 0,34 metros de comprimento e largura respectivamente. As alturas variam de
0,38 metros para caixas com 09 pares, 0,505 metros para caixas com 12 pares e 0,62 metros
para caixas com 15 pares.
A Figura 1 exemplifica estas dimensões
Figura 1 - Dimensões das Caixas de Calçados |
||||||||||||||||
Fonte: Elaboração dos próprios autores, através das medidas fornecidas
pela empresa. Peso por par 0,812 kg
|
Obedecendo a pesagem de baixo para cima de 15, 12 e 09 pares, onde cada par pesa 0,812
quilos e a quantidade máxima de empilhamento de caixa é de 4, 5 e 6 sucessivamente.
A quantidade máxima de empilhamento é uma determinação de cada empresa,
realizada após serem efetuados os cálculos de resistência das embalagens. Esta
informação é fundamental para que as empresas de transporte possam calcular
corretamente a estrutura de cada carga a ser despachada, já que cada tipo de produto tem
um grau de resistência determinado por suas próprias características.
As medidas internas do contêiner de 20 são 5,94 metros de
comprimento, 2,37 metros de largura e 2,39 metros de altura, com as portas de 2,28 metros
de altura e largura, com capacidade cúbica de 33 metros cúbicos e capacidade em quilos
de 27 toneladas.
A Figura 2 demonstra graficamente tais dimensões, para que se possa
proceder a uma comparação com as dimensões das caixas, demonstrada na Figura 1, de
forma a gerar uma visualização espacial dos tamanhos e capacidades envolvidos no
transporte proposto.
Figura 2 - Dimensões do Container de 20' |
Fonte: Elaboração dos próprios autores, conforme
observação pessoal do container. |
Esta análise de ocupação integral é fundamental para quem trabalha com
ova e desova de contêineres, já que normalmente o exportador não detém tais
informações com facilidade, recorrendo sempre a um profissional que consiga organizar
corretamente as cargas, visando aproveitar ao máximo o espaço ou a capacidade de peso
disponível.
Já o contêiner de 40 é mais indicado para cargas mais leves e
volumosas, que é o caso do produto analisado calçados - sendo do modelo Dry Box.
Ele possui 12,04 metros, 2,32 metros, 2,38 metros, de comprimento, largura e altura
respectivamente, suas portas medem 2,28 metros de altura e largura, com capacidade cúbica
de 67 metros e 27 toneladas de capacidade em quilos.
O contêiner de 40 é apresentado graficamente através da Figura 3, para efeitos de
comparação com o contêiner de 20 e com as dimensões das caixas que devem ser
transportadas, apresentados anteriormente nas Figuras 2 e 1, respectivamente.
Figura 3 - Dimensões do Container de 40' |
Fonte: Elaboração dos próprios autores, conforme observação pessoal
do container. Capacidade Volumétrica = 67 m3 Capacidade de Peso = 27 toneladas Largura = 2,32 m Comprimento = 12,04 m Altura = 2,38 m |
3. CÁLCULOS DE OVA (OU ESTUFAGEM) DOS CONTEINERES
Calculado matematicamente, teríamos um melhor aproveitamento cúbico do
espaço a ser utilizado. Optamos por misturar os tamanhos das caixas de forma que durante
sua unitização, as caixas maiores e conseqüentemente mais pesadas ficariam por baixo
das mais leves e assim sucessivamente.
Para não tornarmos o artigo excessivamente técnico, optamos por não
demonstrar matematicamente todo o processo de ova dos containeres, mas foram efetuadas 16
suposições de estrutura, todas utilizando os pallets de 1,82 de comprimento e 1,15 de
largura. Estas suposições podem ter o auxílio de softwares específicos, ou serem
efetuadas por programas amplamente utilizados, tais como o Excel. Como são operações de
baixa complexidade, podem ser efetuados manualmente, desde que quem as efetue possua uma
boa visualização espacial, já que se trabalha com três dimensões específicas:
comprimento, largura e altura, além do peso, que pode ser um fator determinante também.
O pallet é uma estrutura baixa, feita de vários materiais, mas neste caso
específico é em madeira tratada com anti-fúngicos e inseticidas, com 0,20 metros de
altura e com peso total de 15 quilos. O pallet serve para unitizar os materiais e
possibilitar que as empilhadeiras ou paleteiras carreguem e descarreguem os materiais com
grande velocidade e segurança, já que os garfos destas máquinas adentram à estrutura
do pallet, fixando-os pelo próprio peso de cada um.
As suposições levaram em conta o melhor aproveitamento de cada tipo de
container, em especial o aproveitamento volumétrico, já que a carga não atingia a
capacidade máxima de peso do container. Quando se efetuam cálculos para a estufagem de
contêineres, alguns atributos devem ser levados em consideração. O primeiro é o tipo
de restrição que a carga pode gerar, ou seja, ela vai ocupar o espaço disponível
(aproveitamento volumétrico) ou vai ocupar o limite de peso (aproveitamento por
quantidade de peso). No caso analisado, o aproveitamento volumétrico é o fator
limitante, devendo ser procedidos os cálculos para ova ou estufagem levando-se em
consideração este fator específico.
Quando optamos pelo aproveitamento volumétrico, em praticamente todos os
casos o contêiner de 40 é o mais recomendado, já que sua capacidade de ocupação
de espaço é muito superior ao contêiner de 20. Desta forma, os cálculos
posteriores vieram a confirmar tal pressuposto, tornando o contêiner de 40 mais
atrativo para tal transporte.
Nessa unitização utilizamos 12 pallets de madeira com metragem de 0,20
metros de altura, 1,82 metros de comprimento e 1,15 metros de largura, envolvidos por
filme chamado stretch. Na escolha pelo contêiner de 40 e a carga mista de caixas
utilizando pallets, levamos em consideração que conseguiríamos obter um melhor
aproveitamento de espaço, já que as sobras seriam insignificantes, o que possibilitaria
maior segurança no transporte. Dessa maneira o espaço seria adequado para a
movimentação de ova e desova do contêiner. Como conseqüência conseguiríamos colocar
um numero maior de caixas, conseqüentemente um maior número de pares de calçados.
Os cálculos efetuados para a escolha definitiva do tipo de contêiner a
ser utilizado foram os seguintes:
Determinar o volume de ocupação de cada tipo de caixa em relação ao
tamanho estipulado de cada pallet, de forma a visualizar a quantidade de caixas que podem
ser colocadas em cada camada do mesmo. Após este cálculo, é necessário lançar mão
das informações acerca da capacidade de sobreposição das caixas, o que normalmente é
determinado pelo peso total de cada uma e sua resistência ao esmagamento e/ou
deformação das caixas. Cada empresa exportadora precisa deixar claro a quantidade de
caixas que podem ser empilhadas, de forma que as empresas de transporte tenham condições
de proceder as melhores adequações para cada carga.
Tendo em mãos a quantidade de caixas que pode ser acomodada em cada
pallet, faz-se necessário comparar a quantidade de pallets que podem ser colocados em
cada contêiner, de forma a ocupar a maior quantidade possível do mesmo, respeitando-se
as restrições impostas pelas dimensões e pelo peso dos produtos.
Possuindo os espaços disponíveis no container, tanto no comprimento,
quanto na altura e na largura, é plenamente possível trabalhar com a forma de
colocação dos pallets em seu interior, de forma a melhor ocupar estes espaços.
Destaca-se aqui que por vezes, os pallets podem ser arrumados de forma mista, onde alguns
ficam determinados pelo seu tamanho de comprimento e outros em relação ao seu tamanho de
largura. Como os pallets possuem aberturas nos quatro lados, esta prática não prejudica
os equipamentos de carga e descarga que serão utilizados, mantendo a mesma velocidade
necessária para minimizar os custos com tais procedimentos.
CONCLUSÃO
A questão segurança está sendo requisitada a cada embarque e
desembarque. A utilização de pallets está colaborando com a agilidade no escoamento das
cargas. Como conseqüência a unitização está unindo a segurança com a agilidade.
Além disso, favorece a armazenagem das mercadorias com maior rapidez e facilidade. Quanto
mais segurança, menor o valor do seguro cobrado, o que é extremamente adequado para que
os produtos a serem exportados possuam um preço atrativo ao chegarem ao destino. A
utilização dos contêineres facilita sobremaneira o cálculo do valor de seguro do
transporte internacional, já que é possível padronizar o preço por container
transportado.
A conteinerização para o transporte está se tornando mais viável e
cômoda, sem mencionar que os custos dos seguros não oneram altos valores como acontece
quando as cargas não são unitizadas. Afinal, os seguros são calculados em cima dos
riscos que as mercadorias correm até chegar ao destino. Quando se utiliza de contêineres
no transporte internacional, os riscos diminuem consideravelmente, chegando mesmo a ser
anti-econômico o envio de materiais fora de contêineres para alguns países em regiões
periféricas, devido principalmente ao risco de desvios ou roubos de carga, o que torna o
valor do prêmio de seguro um valor impeditivo para o exportador.
Com a carga conteinerizada e unitizada, o risco de extravio e escoriações são mínimos.
Para tanto, é preciso saber qual o melhor contêiner a ser utilizado, e qual a melhor
maneira de estufá-lo. Um estudo de viabilidade é essencial para a escolha correta. Assim
conheceremos as possibilidades de parametrização das cargas a adequaremos ao contêiner
cujo aproveitamento interno seja mais adequado, tornando o despacho menos oneroso e
gerando maior lucratividade para o exportador no caso analisado.
Conclui-se portanto, que os cálculos que possibilitam as atividades de ova
e desova de contêineres, também chamadas de estufagem e desestufagem, são fundamentais
para quem trabalha com transporte internacional unitizado, constituindo-se em um ótimo
ramo profissional para os Administradores de Comércio Exterior. Quando o trabalho pode
ser feito com antecedência, os cálculos podem chegar até mesmo a alterar as dimensões
das embalagens secundárias, de forma a possibilitar a inclusão de um número maior de
unidades em cada contêiner utilizado, proporcionando uma melhor adequação de cada
transporte internacional.
Os princípios consagrados da logística aplicam-se integralmente ao
transporte internacional, devendo ser levados sempre em consideração quando do
planejamento de cada carga. Finalizando, cada carregamento é uma nova atividade, e os
profissionais que trabalham com transporte não podem considerar que um envio será sempre
igual ao outro, pois cada qual tem suas peculiaridades e características próprias,
exigindo uma análise minuciosa e detalhada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- FERREIRA, Paulo César Pegas. Técnicas de Armazenagem. São Paulo: Qualitymark, 1998
- KEEDI, Samir e MENDONÇA, Paulo C. C. Transportes e seguros no comércio
exterior. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2000
- KEEDI, Samir. Transportes unitização e seguros internacionais de
cargas. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2003
- VIEIRA, Guilherme Bergmann Borges. Transporte internacional de cargas. 2.
ed. São Paulo: Aduaneiras, 2003.
novembro/2.004
SCOARIZE, Ricardo
Mestre em Qualidade e Produtividade pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor
da Faculdade Maringá e Fafiman.
RESENDE, Alyne Karoline
Acadêmica de Administração em Comércio Exterior da Faculdade Maringá
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