Contratação de Transporte - Como aumentar a eficiência
operacional
Um país de proporções continentais. Uma malha
rodoviária sucateada. Intensa burocracia entre os estados. Baixa remuneração dos
serviços de transporte e, conseqüentemente, pouco investimento em manutenção,
renovação da frota e qualificação das equipes de trabalho. Estes ingredientes são
mais que suficientes para produzir baixos níveis de eficiência operacional quando o
assunto é transporte.
Os resultados dessa "salada de problemas" são custos elevados, inconsistência
nos prazos de entregas, depredação dos ativos, muita burocracia e alto índice de
avarias. Tais barreiras geram a completa insatisfação dos clientes, altos custos para o
embarcador e reduzidas margens de lucro para o transportador.
Pesquisa realizada recentemente pelo Centro de Estudos em Logística da UFRJ
(COPPEAD/UFRJ) com varejistas de São Paulo e Rio de Janeiro indica que a eficiência
média de entrega da indústria, em 2005, foi de 86,2%. Esse número acabou por gerar
insatisfação no varejo, uma vez que a sua expectativa para esse atributo (eficiência de
entrega) era de 96,9%. Segundo o mesmo estudo, as melhores práticas de entrega atingiram
95,5% de eficiência, ficando, ainda assim, abaixo das expectativas dos clientes
varejistas.
Neste cenário, qual deve ser a atitude do gestor de logística? Reclamar enquanto aguarda
de braços cruzados medidas do governo? A resposta é um estrondoso não. Muitas ações
podem ser realizadas de imediato para evitar, principalmente, a insatisfação dos
clientes.
A atitude pró-ativa deve começar na seleção dos parceiros de transporte. Em um país
com as dimensões do Brasil é impossível ter uma ou duas transportadoras que cubram com
eficiência todo o território nacional. A contratação de empresas de transporte
especializadas em cada região trará resultados mais positivos para o embarcador e seus
clientes. Essas transportadoras, além de atuarem com um foco maior, conhecem
profundamente a cultura local e as características da malha rodoviária da sua área de
atuação.
Ainda dentro do processo de seleção do parceiro, as escolhas do gestor de logística
não podem ser embasadas exclusivamente em preço. Outros atributos precisam ser avaliados
com precisão, tais como prazo de entrega, disponibilidade de troca eletrônica de dados
(EDI), saúde financeira da transportadora, seguro de transporte, qualidade e
disponibilidade da frota, situação das estruturas físicas da empresa e número de
filiais, entre outros aspectos relevantes (os aspectos relevantes devem ser citados em sua
totalidade ou então retiramos essa expressão). Ao levar em conta apenas o menor preço,
o gestor estará correndo o risco de pagar mais caro ao final do processo devido à
insatisfação do cliente.
Uma vez escolhidos os parceiros de transporte, o embarcador deverá estipular, comunicar
e, principalmente, acompanhar as metas estabelecidas. São elas: eficiência de entrega,
desempenho de coleta, índice de faltas e avarias e nível de satisfação de clientes e
representantes. A cada desvio em relação às metas, o gestor de logística deverá
solicitar um plano de ação corretivo. Persistindo o problema, a empresa contratante
poderá providenciar a substituição da transportadora de baixo desempenho operacional. A
preferência será dada para empresas dentro do seu plantel que estejam atingindo as metas
estabelecidas. Com esta atitude, estará valorizando as transportadoras com melhor
desempenho.
Para auxiliar no controle das metas de transporte é aconselhável que o embarcador possua
um eficiente sistema de gestão de fretes. Esses sistemas são conhecidos no mercado pela
sigla TMS (Transportation Management System).
Recomenda-se ainda que sejam formalizados contratos de transportes, pois, além de cobrir
os requisitos legais da operação, esse tipo de documento poderá servir como um guia de
procedimentos a serem seguidos pelas transportadoras. Assim, o gestor evita que erros
sejam cometidos por falta de conhecimento dos cuidados necessários com a carga da empresa
contratante.
Completando a estratégia, sugere-se a implantação de um sistema de premiação. Muitas
empresas como Alpargatas, Boticário e Memphis, entre outras, têm utilizado meios de
comunicação especializados em logística para divulgar as transportadoras de melhor
desempenho. Esse tipo de premiação, além de valorizar as empresas de transporte que
têm prestado bons serviços, serve como uma excelente argumentação comercial na
conquista de novos clientes. Ao apresentar o seu plano de logística, o gestor poderá dar
a garantia de um serviço eficiente de entrega, pois está utilizando uma transportadora
com desempenho reconhecido.
Mudar de atitude no momento da contratação, fazer um acompanhamento
intenso e constante de todo o processo e desenvolver um programa de premiação das
transportadoras. Com essas ações, o gestor de logística poderá minimizar os problemas
aqui relacionados, garantindo a satisfação dos seus clientes com os índices de
desempenho almejados.
fevereiro/2007
Neverton Timm,
Consultor Líder da TIMM BUSINESS CONSULTING
www.timmbusiness.com
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