Em um mercado aonde contamos com cerca de 26.500 empresas de transportes
que têm mais de 5 caminhões, o número de fusões e aquisições pode parecer
insignificante. Mas, diante das recentes transações no mercado de logística e
transportes em todo o mundo, muitos profissionais da área têm se perguntado: quanto vale
a minha empresa ou a empresa aonde trabalho?
A valorização da empresa pode ser encarada sob dois aspectos: o primeiro
leva em conta os tradicionais princípios contábeis, e atrela o valor da empresa aos
ativos e passivos existentes. Trata-se de uma visão antiquada, parcial, cada vez mais em
desuso, mas importante, que é complementada por uma visão mais ampla, que considera o
fluxo de caixa futuro e o valor de bens intangíveis (godwill), como a marca da empresa e
a fidelidade dos Clientes. Essa nova visão incorpora conceitos como o valor presente
líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR).
Porém, por mais que queiramos criar uma fórmula financeira mágica
para a valorização de empresas, diversos outros fatores interferem na apuração de seu
valor de venda.
A situação atual da empresa afeta os critérios de avaliação, e
consequentemente, o seu valor de venda. Uma empresa pouco ou nada lucrativa, tende a ser
sub-valorizada e avaliada apenas sob o ponto de vista contábil. Uma empresa lucrativa ou
com potencial para tal, tende a apresentar um valor mais próximo da realidade, e muitas
vezes acima de seu valor de mercado.
A situação da empresa a ser vendida também influencia o processo de
valorização das empresas de uma outra forma. Se existe pressa ou necessidade
urgente de venda, os valores se situarão bem abaixo do seu real valor de mercado.
Também influi nesse processo de valorização das empresas o ciclo de vida
dos produtos comercializados. No caso da logística, ainda nos encontramos nos primórdios
de seu desenvolvimento, caminho ainda para um processo de maturidade, portanto, as
empresas tendem a apresentar valores maiores, dado o potencial futuro de rentabilidade.
A lei da oferta e procura também gera impacto sobre o valor das empresas;
uma empresa disputada tende a apresentar um ágio significativo.
Um outro fator que interfere nessa avaliação é o motivo da aquisição ou fusão.
Quando se trata de uma transação motivada pela necessidade de se expandir o leque de
serviços ou a área de atuação geográfica, os preços pagos tendem a ser maiores. Em
casos em que as negociações ocorrem apenas para ampliar volumes dentro do mesmo
negócio, sem acrescentar novas competências, os valores são mais realistas e a compra
norteada por critérios bastante racionais.
Outros fatores, menos comuns, poderão influenciar o processo de
valorização das empresas, como a morte de um sócio, a necessidade de dissolução da
sociedade por motivos pessoais ou profissionais, etc.
Lembre-se, que o comprador sempre terá uma postura otimista para o negócio em vista,
portanto, fatores qualitativos ou quantitativos que melhorem essa percepção,
influenciarão diretamente nos valores envolvidos.
Uma análise de vinte e cinco aquisições recentes no mercado de logística e transportes
em todo o mundo, mostra que, em média, se paga de 60% a 70% do valor da receita de vendas
da empresa adquirida. O momento e a percepção do comprador poderão transformar esses
percentuais em 20% ou 120%.
Por isso tudo, o processo de valorização de uma empresa é algo complexo
e difícil de se realizar, e quando se trata de avaliar empresas que faturam milhões ou
bilhões de reais, qualquer erro ou diferente entendimento produzirão um impacto bastante
significativo!
junho/2.007
Marco Antonio Oliveira Neves
Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda
www.tigerlog.com.br
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