A TI não deve se tornar um vício
Você
tem computador em casa?
Há 20 anos, quando fiz meu primeiro curso de informática, ter um
computador em casa era privilégio de poucos que desejavam, além de desenvolver suas
habilidades em informática, tirar melhor proveito de uma tecnologia que possibilitava
fazer currículos mais elaborados do que a máquina de escrever eletrônica, criar bancos
de dados pessoais, fazer contas em tabelas para orçamentos, e se divertir com jogos
eletrônicos que ainda estavam muito aquém das máquinas de fliperama, entre outros
recursos.
As empresas já deparavam com a implementação do algoritmo desenvolvido
pela APICS para planejamento das necessidades de materiais, o MRP, que viria culminar, no
final da década de 1980, nos conhecidos sistemas corporativos integrados (ERP, Enterprise
Resouces Planning).
O retorno do investimento em tecnologia, que na época se pregava como uma
tendência irreversível, era viabilizado principalmente pelo fato do profissional não
ficar fora do mercado competitivo. Esse argumento também foi e continua a ser utilizado
até hoje para viabilizar, em casa ou nas empresas, investimentos em tecnologia da
informação (TI).
Porém, em 20 anos, o que acontece nesta área é uma verdadeira
avalanche de softwares, hardwares, conceitos e sistemas que invadiram o
mercado, a partir da identificação de necessidades não bem atendidas pelos processos
tradicionais.
Todo esse processo de evolução contribuiu para a criação de uma cultura
voltada à tecnologia, fazendo com que muitas pessoas perdessem a razão pela qual se
deveria investir em TI. A sensação de modernidade, num espírito de contemporaneidade,
encantava algumas pessoas. Porém o efeito desse encantamento assemelhava-se ao que uma
droga provoca: dependência, desejo, vício! O vício pela tecnologia tem diferentes
implicações, dependendo do envolvimento que o viciado tem com ela.
Um vendedor viciado não mede esforços para demonstrar as características e
vantagens da solução de tecnologia e deixa, muitas vezes, de explorar os reais
benefícios que aquele software ou hardware traria para a empresa. Um comprador
viciado faz de tudo para convencer os profissionais da empresa onde trabalha
que a tecnologia veio para ficar, aumentando os níveis de qualidade e produtividade.
Neste cenário, após vários anos, como mediador/facilitador destes
investimentos em TI, posso dizer que está cada vez mais difícil encontrar profissionais
e empresas lúcidas no que diz respeito aos benefícios que a TI pode trazer no curto,
médio e longo prazos.
O que se pode identificar é que 80% das empresas adotam uma estratégia de
seguidora, ou seja, deixam os outros fazerem primeiro para só depois fazerem.
Apenas 20% das empresas se preocupam em analisar quantitativa e qualitativamente os
investimentos em TI e seus reais benefícios são essas as empresas que deverão
ser seguidas no longo prazo.
Assim sendo, invista no planejamento na aquisição de ferramentas de TI,
pois somente dessa forma será reduzido o risco de escolher uma opção com base no vício
e que pode culminar em grandes prejuízos.
2010
Eduardo Banzato
é presidente do Instituto IMAM. É autor de diversos livros e instrutor de cursos
relacionados à área de logística.
www.imam.com.br
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