PDM gera economia
Quando o usuário da sua empresa solicita um
material, ele recebe o que realmente precisa?
Em tempos passados, época de inflação alta, era
normal as empresas manterem grandes estoques de insumos, matérias-primas e materiais. O
importante era não correr o risco de faltar algo no processo de fabricação. Ganhava-se
muito por dia em aplicação financeira, o que mascarava o dinheiro parado em estoque.
A ordem era produzir ao máximo e depois o departamento de Vendas se virava para vender
tudo e acaba vendendo mesmo, pois era uma época de muita expansão e crescimento no
País.
Neste período não se dava muita ênfase para o custo de fabricação.
Os tempos mudaram, a inflação diminuiu, os ganhos "fáceis" com aplicação
financeira acabaram, o processo de globalização começou no Brasil e a nova ordem nas
empresas era diminuir os custos, não deixando muito dinheiro parado em estoque e
enxugando ao máximo os processos internos.
Nossas empresas passaram a concorrer com empresas do mundo inteiro, que tinham processos
de fabricação enxutos, alta tecnologia e portanto menores preços.
Muitas empresas não aguentaram a concorrência e quebraram. As que ficaram, tiveram que
se adaptar rapidamente a nova realidade.
O conceito da logística foi mais difundido e importante para agir em todas as frentes de
trabalho nos processos.
Mas e no setor da logística referente a administração de materiais? Ter o conceito de
divisão de famílias/grupos, conhecimento do consumo de cada item, lote econômico de compra,
estoque mínimo, ponto de pedido, estoque máximo, etc. são suficientes para não
"perder dinheiro"?
O que acontece normalmente é do usuário pedir o cadastramento do material com a
descrição que conhece ou acha ser suficiente para identificação do mesmo. O comprador,
que não é necessariamente um especialista em materiais consegue cotação no mercado com
alguns fornecedores, faz a negociação final e fecha a compra.
O material chega no destino, o almoxarifado compara com a descrição do cadastro, libera
a nota fiscal e dá entrada no estoque.
Passa-se uns dias, o usuário solicita o material e descobre, que é diferente do que
precisa, na aplicação desejada.
Neste exemplo pode ser um parafuso, onde o usuário ao cadastrar informou o tamanho,
material, diâmetro e passo. Faltou informar o tipo de cabeça (sextavada, redonda com
fenda, etc.), se é rosca total ou parcial, se tem revestimento, ou então a Norma, que
já poderia identificar estes atributos.
Veja só o prejuízo, passado o Tempo de Ressuprimento de 60 dias (Tempo de Solicitação
de Compra + Tempo de Compra + Tempo de Entrega + Tempo de Transporte), descobre-se que o
material está errado, não poderá ser usado, já foi pago, tem que negociar a
devolução e frete de retorno, sendo que o fornecedor alega que não arcará com o custo
do frete, pois entregou conforme descrição. Não estará totalmente errado, mas pode ter
se beneficiado para ganhar a cotação, por cotar um parafuso mais barato, como por
exemplo, sem o revestimento galvanizado eletrolítico, que os concorrentes cotaram apesar
de não constar na descrição, pois era o mais indicado pelos outros atributos da
narrativa.
Também tem o prejuízo do equipamento onde seria usado, ficar parado aguardando a peça.
Neste exemplo foi um parafuso, que é pequeno e normalmente item de prateleira, ou seja,
fornecedores mantém estoque, mas e se fosse um material que dependesse de fabricação de
aproximadamente 45 dias, fosse grande e portanto com frete mais caro?
Muitos fabricantes entendem de fazer o que é o mais comum, tem mais saída e às vezes
não acham importante perguntar detalhes antes da fabricar e é ai que está o perigo. É
a história da brincadeira do telefone sem fio, onde todos entendem diferente, mas acham
que todos entederam igual.
Visando uma economia geral no cadastro de materiais é necessário a utilização do PDM
(Padrão de Descrição do Material), onde cada PDM tem os atributos necessários para
identificação do material.
Utilizando-se PDM, além de ter um cadastro de materiais confiável, onde o que consta na
descrição é o que está no estoque, começa a se identificar duplicidades ou até
multiplicidades existentes, que no passado foram cadastrados com descrições similares ou
até mesmo em famílias/grupos diferentes.
Além disto o histórico do departamento de Compras começa a ficar confiável, pois ao
fazer nova compra, o comprador consulta no sistema compras anteriores do mesmo Código de
Material e tem subsídio com informações corretas de preço, prazo de entrega,
condição de pagamento, com quem fechou, etc.. Antes se fizesse isto não havia
confiança, pois podia estar comparando a compra atual de uma "laranja pêra"
com compras anteriores de "laranja lima", "tangerina" ou até
"limão".
É importante preparar o cadastro de materiais com as descrições curtas (etiqueta da
prateleira) e longas (completas que saem nos documentos), que atendam o comércio
eletrônico ou simplesmente um processo de compras mecanizado, onde o material que o
usuário imagina e precisa usar, seja realmente o que ele vai receber.
Avalie seu cadastro de materiais e o quanto ele pode melhorar e economizar com a
implementação do PDM.
junho/2015
Marcos Valle Verlangieri,
Diretor do Guia Log, Consultor e professor
especialista em PDM
guialog@guidelogistica.com.br
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